terça-feira, 13 de setembro de 2011

"A Origem do Planeta dos Macacos", 2011, Rupert Wyatt


Uma série de equívocos permeiam a execução de testes que buscam uma cura para o Mal de Alzheimer, e assim, macacos usados como cobaia, passam a desenvolver uma inteligência assombrosa que os levam a querer a liberdade e a independência…

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Não existe nada mais precioso que o tempo.

É ele o responsevel em glorificar personalidades, estabelecer espiritos de uma época e, claro, eternizar grandes filmes.


Há exatos 43 anos, diante de alguns homens à beira-mar, a imponente estátua da liberdade foi descoberta enterrada até o nariz, abatida e largada para o esquecimento. Tal espetáculo, concebido por Pierre Boule (tambem autor do festejado A Ponte do Rio Kwai) faz parte de uma das maiores histórias de ficção cientifica já carregadas para o cinema. Tomado por um suspense especial e satírica inteligencia, O Planeta dos Macacos marcou uma época: não só surpreendeu a todos com seu roteiro criativo e gran-finale retumbante, como estabeleceu um novo padrão de qualidade em maquiagem, figurino e trilha musical.

O filme original conta a história de uma tripulacão de astronautas que caem num planeta estranho e peculiar num futuro bem distante. Lá encontram uma sociedade onde macacos são inteligentes, desenvolveram uma linguagem e os seres humanos ali encontrados são tratados como bestas de um zoológico.

Dada sua preciosidade, em 2001, O Planeta dos Macacos foi registrado na Livraria do Congresso Americano, no National Film Registry como um filme culturalmente, historicamente e estéticamente significativo para a história dos EUA. Um filme com 89% de aprovação entre seus espectadores e listado como um dos 500 filmes mais importantes da história do cinema.

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O tempo foi, portanto, muito duro para alguns idealizadores.

Afinal, quais outros filmes de sci-fi espantaram seus espectadores de forma tão cativante?

Poucos. Muito poucos…


E por isso, em 2011, experimentaram realizar o prólogo desta esplendida história.


Quem não tem o sonho de fazer algo grandioso?


E o resultado? Medíocre, infelizmente.

Assim como a maioria dos “sequels”, os “prequels” (tão na moda hoje em dia) pecam justamente por não terem um roteiro à altura de seus antecessores, bem como um assunto sólido e bem esclarecido. Enquanto o original é uma amarga parábola sobre a conduta do homem e a evolução da ciencia, A Origem do Planeta dos Macacos resume toda a questão de forma modesta e superficial.

Em outras palavras: esperava-se um roteiro mirabolante.

Ao contrario, se vê uma sucessão de furos e situações duras de engolir. Durante a sessão é possível enxergar, no rosto dos espectadores, uma expressão de incredulidade diante de tal festival de absurdos…

Exemplo -

Quando que num laboratório de altíssimo padrão, uma macaca tratada com um tonificante neural, que nitidamente acentua sua agressividade, pode ser realocada para uma outra jaula apenas por dois homens – sendo um deles um gordinho bunda-mole e o outro um anão…

………………….?

Como pontos positivos sobram apenas as atuaçoes de James Franco, John Lithgow (excelente como sempre) e Andy Serkis que faz o macaco César, o primeiro a desenvolver a super-inteligencia. Os três cumprem bem os papeis mesmo diante de um roteiro tacanho. Assim como os efeitos especiais – São excepcionais e rendem belas cenas de ação.

Vale a pena apenas num daqueles dias chuvoso onde uma mórbida curiosidade pode reinar.


A dica não fica.

-> Trecho de uma entrevista com Andy Sarkis segue abaixo -

The great thing about the original film is that it was an upside down world where the humans were slaves and the apes were their overloads. You play the character that’s going to usher that world in, so how do you sort of keep the sympathy of the character whose destiny is subjugate every single person sitting in this tent?

AS: That’s a really good question and I think the thing is we’re playing him…you do see his journey from being, how he responds to brutalization and witnessing brutalization and bullying and all these shocking things because he’s brought up as an innocent. He’s quite innocent and you see his journey from innocence into moments of realizing that actually it can be a cruel world out there. And he has been brought up because Will, James Franco’s character and John Lithgow’s character, they’re incredibly humanitarian. He’s been brought up in a loved family. In a way you’ve got to forget that he’s a chimp, you treat him as a child whose been brought up in a loving environment then suddenly being subjected to brutalization and seeing, when they go to the Ape Sanctuary, it could be any institution which has bullying and mistreatment and some kind of person who is dominating and subjugating other people. So you will feel sympathy because you will see how this young mind is witnessing brutalization I guess.

2 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Eu não sei bem se posso adicionar algo a crítica muito bem estrururada do Dr. Joaquim, mas tem alguma coisa que me parece ficar no intermediário de ilusão, verdade e uns macacos histéricos (nesse filme) - talvez, para uma criança de 8 anos que provavelmente habite (momentaneamente) em mim, aos domigos tediosos no shopping - o possível "flashback" ao ver o cartaz com uma leve ilusão de ótica (perfeito míope que sou !) me pareceu o que muitos diriam "um filme categórico inspirado no clássico genial de Pierre Boule )- ilusão. Então eu volto para meu estado atual 'um garoto de 8 anos + 12 ' e percebo que Ziraldo se espantaria com a nova linguagem que criaram para sua eternizada frase "maquaquinhos no sótão" - usaram,- (abrasileirando meu comentário) todos os artifícios possíveis ... os macacos pularam, ficaram nervosos, chamaram o Draco Malfoy (que encontrou um fim trágico para seus anos de 'menino mal' em Hogwarts) e ao final do épico desastre 'viral' (rs)? - Talvez lá na floresta; macacos distintos , falantes e sem genialidade nenhuma estejam comendo 'cookies' e tomando 'iced tea' enquanto eu começo a ter uma visão distinta do que é eterno e o que é 'éphémères'.

    By Ramon.

    PS : Adorei seu blog e suas críticas ;)

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