segunda-feira, 15 de março de 2010

“Simplesmente complicado”, 2010, Nancy Meyers



Como o título indica, o filme estrelado por Meryl Streep, Steve Martin e Alec Baldwin, traz um roteiro diferente, engraçado e que procura sair do óbvio - põe questões sobre casamento, divórcio, sexo, 'affairs', filhos e enfim a vida que acontece ‘around’ os 50 anos de idade.

Jake (Alec Baldwin) foi casado com Jane (Meryl Streep) durante vinte anos, e agora é casado há dez com uma moça 20 anos mais nova, já com um filho pequeno. Vive uma vida aparentemente tranqüila mas dentro de casa o fedelho rouba as atenções e transforma a rotina da casa num pandemônio. Jane permaneceu solteira nos últimos anos e se vê, ultimamente, um pouco sozinha – seus filhos crescidos saíram de casa, sua loja de doces vai muito bem e não precisa tanto de sua atenção e não houve nenhum tipo de ‘approach’em relação à assuntos, digamos, sexuais. Ela se vê então aberta a ter algo diferente na sua vida ‘paradinha’. Assim, o destino coloca ambos de frente para o outro mais uma vez, e acontece o improvável – Os dois transam e passam a ter um ‘affair’. Jake percebe que era exatamente uma mulher como Jane que ele estava precisando. Uma mais madura, vivida e etc. Tudo indica que seu ‘amor’ pela jovem esposa atual foi por água à baixo.

Ou seja, a ex-esposa, se torna agora a amante.

Esta situação acaba por causar, em ambos, uma série de sentimentos e pensamentos sobre si e sobre como se tratavam enquanto eram casados. Tanto ele quanto ela são pegos de surpresa por uma libido revitalizada e uma vontade de estar juntos inédita – Jake não agüenta mais a mulher chata que arrumou e o filho pentelho e barulhento.

E Jane – tudo indica que ela sente falta de um ‘maridão’ dentro de casa....

Mas o destino age mais uma vez e coloca Adam (Steve Martin) como seu arquiteto. Aos poucos ela se vê encantada por ele, e por poder ser livre e poder ‘ficar’, ‘namorar’ e viver um romance com alguém, algo aparentemente juvenil, mas que brilha aos seus olhos. A vida casada, com o ex-marido, não parece reluzir tanto quanto a nova empreitada.

Sem momentos hilários, mas com vários engraçadinhos, e com um roteiro amarrado, os três atores se esbaldam em cenas corriqueiras e outras inusitadas e vivem cinqüentões com questões existenciais, de maneira muito bem-humorada.

A diretora e roteirista de "O amor não tira férias" e "Alguem tem que ceder" traz um roteiro divertido e inteligente, que sai da mesmice das comédias românticas, e circula em questões mais complexas trazendo a experiência dos personagens mais próximas as de quem assiste. Um filme que tem um final ordinário, assim como a vida é. Um belo programa para uma tarde chuvosa, nada mais.

Fica a dica.

domingo, 7 de março de 2010

And the Oscar 2010 goes to...


Vamos aos prêmios:

Melhor Edição

Avatar

Distrito 9

Guerra ao Terror

Bastardos Inglórios

Preciosa

Meu voto – “Precious”

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Melhor fotografia

Avatar


Harry Potter e o Enigma do Príncipe


Guerra ao Terror


Bastardos Inglórios


A Fita Branca


Meu voto – (não assisti Harry Potter):


"Bastardos Inglórios"


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Melhor roteiro adaptado

Distrito 9


Educação


In the Loop


Preciosa


Amor Sem Escalas


Meu voto – (não assisti “In the Loop”): Difícil decisão entre “Precious”, “Amor sem Escalas” e "Distrito 9"...


-> “Distrito 9”


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Melhor roteiro original

Guerra ao Terror


Bastardos Inglórios


The Messenger


Um Homem Sério


Up – Altas Aventuras


Meu voto – (não assisti “Um homem sério):


“Bastardos Inglórios”


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Melhor atriz coadjuvante

Penelope Cruz, “Nine”


Vera Farmiga, “Amor Sem Escalas”


Maggie Gyllenhall , “Crazy Heart”


Anna Kendrick, “Amor Sem Escalas”


Mo’Nique, “Preciosa”


Meu voto – Mo’Nique – “Precious”


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Melhor ator coadjuvante

Matt Damon, “Invictus”


Woody Harrelson, “The Messenger”


Christopher Plummer, “The Last Station”


Stanley Tucci, “Um Olhar do Paraíso”


Christoph Waltz, “Bastardos Inglórios”


Meu voto – (não assisti “The Last station”):


Chistoph Waltz – “Bastardos Inglórios”


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Melhor atriz


Sandra Bullock, “The Blind Side”


Helen Mirren, “The Last Station”


Carey Mulligan, “Educação”


Gabourey Sidibe, “Preciosa”


Meryl Streep, “Julie & Julia”


Meu voto – (não assisti “The Last station”) –


Dificil decisão entre Gabourey Sidibe e Meryl Streep...


-> Gabourey Sidibe de "Precious"


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Melhor ator

Jeff Bridges, “Crazy Heart”


George Clooney, “Amor Sem Escalas”


Colin Firth, “A Single Man”


Morgan Freeman, “Invictus”


Jeremy Rennet, “Guerra ao Terror”


O prêmio mais concorrido e de difícil decisão entre


George Clooney, Jeremy Rennet e Colin Firth...


-> Jeremy Rennet – “Guerra ao terror”


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Melhor diretor

James Cameron, “Avatar”


Kathryn Bigelow, “Guerra ao Terror”


Quentin Tarantino, “Bastardos Inglórios”


Lee Daniels, “Preciosa”


Jason Reitman, “Amor Sem Escalas”


Meu voto – James Cameron "Avatar"


&


Melhor Filme

“Avatar”
“The Blind Side”
“Distrito 9″
“Educação”
“Guerra ao Terror”
“Bastados Inglórios”
“Preciosa”
“Um Homem Sério”
“Up – Altas Aventuras”
“Amor Sem Escalas”


Meu voto – (não assisti “Um Homem Sério” dos irmãos Cohen)



-> "Amor sem Escalas” de Jason Reitman

"The Blind Side", 2010, John Lee Hancock


“The Blind Side” é baseado na trajetória do jogador de futebol americano Michael Oher.

'Big Mike' (Quinton Aaron) como Michael é conhecido, vem de uma origem muito pobre, não tem onde morar, sua mãe é viciada e tudo indica que sua vida caminha para as páginas policiais do jornal. Eis que um dia é visto jogando basquete por um técnico de futebol (sim!), que fica muito entusiasmado com o que vê, e consegue uma bolsa para que ele estude numa escola da classe alta, para que possa desenvolver seu potencial e futuras habilidades. Logo que entra na escola conhece Leigh Tuoy (Sandra Bullock) que se comove com sua história e resolve abrigá-lo em sua casa por um tempo. Rapidamente a família de Leigh simpatiza com o garoto e assim, surpreendentemente, resolvem se tornar os responsáveis legais do garoto. Assim, já integrado, Big Mike ganha até uma tutora particular (Kathy Bates) que o ajuda a obter boas notas e assim entrar para uma boa faculdade e se tornar um jogador pela mesma.

The Blind Side” tem um início promissor, mas, aos poucos, e infelizmente, vai se perdendo como a grande maioria dos filmes ‘B” americanos. Não há, em momento algum, certa atitude de cuidado ou perigo em relação à integração de Big Mike – a família simplesmente o aceita como se fosse a coisa mais natural a se fazer. Não se preocupam em investigar o ‘background’ de ‘Big Mike’ e tudo, claro, corre formidavelmente. Neste sentido, por mais que seja verdade, o filme perde dramaticidade, e acaba se tornando um filme boboca, sessão da tarde, quase um filme da Disney. Repleto de clichês, cenas ruins, situações falsas e péssimos atores, “The Blind Side” se torna um filme cansativo de se assistir. Não há conflito, drama ou superação.

Sandra Bullock também não sai de um lugar confortável – sua indicação é valida, mas sua premiação não seria.

Não há sentido na presença de Kathy Bates no filme, e diga-se de passagem, a atuação de Quinton Aaron é sofrível – chega a dar pena dos produtores e o diretor do filme que com certeza perceberam a péssima escalação que fizeram. O menino destrói as melhores cenas. Em compensação, o ator que faz o filho pequeno de Sandra Bullock, Jae Head, mesmo sendo 'careteiro', é extremamente espirituoso e divertido. Ela mesma, como sempre, garante boas risadas e um humor 'Bullock' sempre bem-vindo.

Não é um bom filme.

A única coisa, sim, vou chamar de coisa, que pode ser chamada de cinema, e assim, pode ser delicada é o último plano com Sandra Bullock, ela de olhos fechados.

A dica não ficou.

"Crazy Hearts", 2009, Scott Cooper



Coração Louco” permite Jeff Bidges 'botar para fora' uma excelente atuação, mas sem grandes emoções. Conta a história do cantor de country Bad Blake, que aos 60 anos de idade, já cansado das turnês e desgostoso com a vida itinerante, continua de bar em bar ‘alegrando’ a vida de moradores das pequenas cidades dos estados de Arizona, Texas, Colorado e afins. Bad, em uma de suas paradas, conhece Jeannie (Maggie Gyllenhall), mãe solteira, jornalista que propõe fazer um artigo sobre o mesmo. Encantado com a mesma, Bad se vê diante de um motivo especial para continuar com sua cantoria, e assim, entrevista vai, passeio vem, os dois acabam se apaixonando. Bad, é alcoólatra e um pesado tabagista, e aos poucos, Jeannie começa a ver estes ‘detalhes’ como fatores preocupantes. Um dia, Bad, já meio alcoolizado, perde o filho pequeno de Jeannie num shopping, provocando então uma preocupação e ira descomunal na moça, onde tal não vê outra saída se não cortar relações com um homem que, segundo ela, está nítidamente querendo dar fim a sua vida.

Um parêntese: Bad não teve culpa nenhuma no sumiço do filho de Jeannie - algo que pode acontecer com qualquer um - a atitude dela é inteiramente desmesurada – uma situação que poderia ter sido explorada dando enfoque ao descaso e desleixo do personagem de Jeff Bridges, e não à reação exagerada de Maggie Gyllenhall, onde sobressai a dificuldade que a personagem dela tem para lidar com homens em geral e alguns como Bad. Isto posto, esta separação dos dois fica meio solta, meio exagerada, mal argumentada e explicada, uma pena...

Nevertheless, sem dinheiro e desesperado, Bad, aceita até, ser o show de abertura de um cantor de country – a sensação do momento nos EUA – que, ironicamente, foi seu aprendiz. Bad, como todo artista se vê entre a honra e o dinheiro, mas acaba aceitando e tendo que lidar com tal situação.

Bad, assim, descobre que não foi uma decisão tão má, mas ao mesmo tempo se vê como um artista ultrapassado. Após um acidente de carro, vômitos e muitas sensações de mal-estar, ao se ver derrotado pela vida e o abuso de álcool e cigarro, Bad decide partir para uma clínica de reabilitação, e assim, consegue se livrar de ambos. Sua carreira, então, deixa uma pseudo-decadência e começa a melhorar.

Um filme flat, sem grandes oscilações, mas que remonta a vida de Bad Blake, e oferece uma visita á vida de um homem à beira da decadência e que se vê capaz de sacudir a poeira e direcionar seu potencial para outros horizontes.

"Quem é orgulhoso a si próprio devora." Já diria W. Shakespeare.

A vida só acaba quando queremos que acabe.

Jeff Bridges tem sua 5ª indicação ao Oscar em 2010 como Melhor Ator. É sim um trabalho de artesão, delicado e sincero. Mas nada que tenha exigido muito desse excelente ator.


Fica a dica.

sexta-feira, 5 de março de 2010

"Direito de Amar", 2010, Tom Ford



Direito de Amar”, 1º filme dirigido pelo estilista Tom Ford é uma viagem.

Uma muito ‘triste’, porém, inebriante, aconchegante e que se esvai ao longo da fita. Deixa de ser triste e passa a ser alegre, acredite!

Repleto de imagens, símbolos e metáforas, uma esfera pouco abordada, Tom Ford desenha e marca dois momentos importantes no filme – devastação e superação. Momentos os quais sentimos os medos de George (Colin Firth), e somos imersos numa sensação mórbida de vazio e desesperança sob a ótica deste homem, visivelmente angustiado com a morte de seu namorado. George é um homem de meia-idade, um professor de literatura de Los Angeles, que supunha ter tudo, uma bela casa, um namorado culto e atraente, Jim (Mathew Goode), cachorros, etc, etc – estava realizado e feliz – até que, por infortúnio, se depara com um acidente de automóvel gravíssimo que mata seu companheiro.

Aos poucos parece que George, anestesiado com a dor, vai se desfazendo das coisas, e não dando importância às suas outras conquistas. Mesmo a vida prosseguindo ao seu redor, tudo diante dele parece morto, terminado e já vivido. A falta de horizonte e sentido o toma por completo levando-o a pensar até em suicídio. Eis que aparece Kenny (Nicholas Hoult), um de seus alunos, mais que interessado em escutar o que George tem a dizer sobre o mundo, as pessoas e afins – um garoto nitidamente encantado com a cultura e experiência de George, assim como Jim fora.

De primeira, George não dá valor ao garoto e prossegue com seu caminhar cabisbaixo pensando só em afogar suas mágoas com Charley (Julianne Moore) que vive um momento de separação, e se vê também, como uma quarentona sem rumo, sem sentido e sem destino. Ao revirarem ossos do passado, ambos se deparam com questões sobre si surpreendentes e, assim, acabam por tocar em fortes emoções. Num segundo momento, George permite a aproximação de Kenny e assim, surge um novo olhar e uma outra forma de ver as coisas.

Com um texto inteligente e tiradas bem-humoradas, “Direito de Amar” se torna uma espécie de ‘Sessão da Tarde’ por ser muito prazeroso e suave, mas como uma mensagem linda e profunda.

Com uma direção impecável, amortecedora e invasiva, cheia de 'closes', Tom Ford reproduz em “Direito de Amar” a solidão de um homem, a beleza e a felicidade de se ter um parceiro e a devastação que causa ao perder o mesmo. Ao final, trata a questão da superação de uma forma delicadíssima, verdadeira e vinda de um lugar onde só entende quem já se sentiu assim.

Direito de Amar” é um filme sobre superação – não sobre aquilo que acontece em nossas vidas, mas sim, do que fazemos com as coisas que aparecem em nossas vidas.

Colin Firth numa atuação corretíssima, sem exageros e muito intenso, delicado e tocante. Dá a George o caminho das pedras para encontrar seu caminho...

Colin Firth concorre ao Oscar 2010 como Melhor Ator. E é forte candidato!!!

Fica Dica !!!!!!!

"O mensageiro", 2009, Oren Moverman



Ser o porta-voz, ou o MENSAGEIRO, responsável em dar a notícia sobre a morte dos soldados na guerra do Iraque às famílias dos mesmos não é tarefa fácil. Parece simples, mas não é. O filme, “O mensageiro” mesmo tendo um roteiro irregular consegue imprimir bastante as dores sentidas de ambos os lados.

De um, a insatisfação do povo americano que vê seus filhos saírem de casa, enaltecidos com a honra de servir o país, esta obviamente provocada e falsa, pois não há honra em jogo nesta guerra, e quando não acabam mortos, voltam para casa desfigurados, aleijados e deficientes. Fica clara a sensação de impotência diante de um governo que praticamente obriga os soldados a servirem, além do sentimento geral de que esta guerra é absurda e em prol de interesses comerciais. Isto posto, a indignação nos olhos dos familiares ao receberem a fatídica notícia é a mesma – retumbante sofrimento, ódio, sentimento de injustiça, e a sensação do ser descartável e do ser manipulável feito peões. Há uma cena comovente em que a esposa de um soldado morto vê soldados entregando panfletos sobre o serviço para adolescentes num shopping. Rapidamente ela corre para o local e os coloca para correr, retirando os panfletos das mãos dos meninos – deve ser uma realidade corriqueira...

Do outro, uma missão que exige frieza e falta de 3 coisas: compaixão, acolhimento e expressão. Will Montgomery (Ben Foster (O Anjo em X-men 3) está prestes a sair do exército, tendo 3 meses para cumprir, e recebe a incumbência de um útimo ofício – ser este porta-voz. Este é o gatilho do filme. Tony Stone (Woody Harrelson) é sargento do exército veterano e já faz o trabalho há algum tempo. Will é o seu mais novo parceiro de trabalho, e por ser mais jovem, tem certa dificuldade em entender o protocolo utilizado no momento de abordar os familiares do soldados. Um protocolo extremamente sucinto e desprovido de acolhimento, apenas um “I am very sorry.” Will acredita, e tenta, ao longo do filme, desconstruir a idéia de que fazer parte do exército é sim, endurecer-se, fortalecer-se e neutralizar-se, mas que isso não significa deixar de ter sentimentos, compaixão e de deixar de ser um “ser humano”. Stone, muito enrijecido por suas experiências se vê diante de um impasse – há de ser durão e firme como, ironicamente, uma rocha, mas ao mesmo tempo se vê aos poucos cada vez mais arrebatado pelos sentimentos dos outros, graças, justamente às leves quebras de protocolo de seu parceiro, Will. A cada família que passam Stone se esforça em não emitir expressões, e não o faz, até que o filme chega à um momento culminante.

O filme perde o rumo com seu roteiro irregular que, do meio para o final, mistura esse tema às questões particulares de Will, que não necessariamente têm a ver com o plot central. O que possibilita, por outro lado, Ben Foster a dar uma performance mais que adequada ao seu personagem – perdido, desamparado e sem perspectiva.

Woody Harrelson não surpreende com sua atuação, mas fornece ao seu colega de cena bons momentos em que é necessário uma relação vai-ou-racha. Não compromete a corrida ao Oscar 2010 ao prêmio de Melhor Ator Coadjuvante.

Com uma direção singela e um tema forte, “O mensageiro” não decola, mas diz a que veio.

Fica a dica.

quinta-feira, 4 de março de 2010

"Bastardos Inglórios", 2009, Quentin Tarantino



Quentin Tarantino sabe fazer esse negócio.

Cada plano é um colírio para os olhos. Dá vontade de estar no set, ouvindo e vendo a coisa acontecer. Elogios à parte, “Bastardos Inglórios” se trata de uma outra forma de retratar a 2ª Guerra Mundial - o terror, o pânico, o ódio, o sentimento de justiça e vingança e a loucura de Hitler – aliás, muito bem executada pelo ator Martin Wuttke!

Um roteiro brilhante - sagaz e engraçado.

Tarantino conta, através de capítulos, como em “Kill Bill” a saga de Shoshanna (Melanie Laurent), judia que teve sua família fuzilada pelos Nazistas, mas que consegue escapar, criar uma identidade falsa e seguir com a vida. Quatro anos depois, Shoshanna se vê diante do autor do crime, um alto general do exército, Col. Landa (Christopher Waltz) e assim, decide por em prática uma vingança pessoal e por todo o povo judeu.

Paralelamente, existe um grupo de guerrilheiros americanos, liderado por Lt. Aldo (Brad Pitt), os “Bastardos Inglórios” que se propõem a ir à Europa com o único intuito de assassinar Hitler, Goebbels e afins, com a meta de matar o maior número de nazistas que estiverem no caminho. Para tal contam com a ajuda de uma atriz alemã vira-casacas disposta a acabar com o regime nazista. Porém, no caminho aparece justamente o algoz de Shoshanna, Col. Landa, que sagazmente descobre os planos de Aldo e, bem, assistam o filme!.........

Bastardos Inglórios” é um filme divertido, inteligente e criativo. Um assunto desgastado como o Holocausto toma outro rumo, um mais chistoso, espirituoso e, claro, com rompantes 'Tarantinescos' – One of a kind, sui generis.

O ator Christoph Waltz faz Col. Landa , e o faz de maneira brilhante – inteligente, nada óbvio, com toques de sarcasmo e humor impagáveis. Sem contar as manobras que o levam do humor rasgado ou humor sarcástico aos momentos mais sérios, tensos e repletos de um ódio nazista. Um que preenche sua feição e seus olhos de forma mais que convincente.

Um excelente ator que certamente trará competição difícil ao prêmio de Melhor Ator coadjuvante ao Oscar 2010 - E vai ganhar!

Não sei se é o melhor filme do ano, mas indubitavelmente é um excelente, diferente, muito bem filmado e divertido.

Concorre ao Oscar 2010 como

Melhor Filme

Melhor Diretor

Melhor Roteiro Original

Melhor Edição

Melhor Fotografia

Forte candidato aos prêmios de Roteiro, Direção, Edição e Fotografia.

Fica a dica!

"Precious", 2009, Lee Daniels


A adaptação do livro “Push” de Sapphire, sucesso de vendas em 1996, vem agora, como um filme independente, concorrer com as grandes produções.

Precious” é um filme desconcertante, que narra a vida de Claireece Precious Jones (Gabourey "Gabby" Sidibe) garota de 16 anos, moradora do Harlem – NY, passada em 1987. Tendo dois filhos para cuidar, sua mãe alega que não há motivo, nem tempo para o estudo – Que é necessário pedir dinheiro ao auxílio-desemprego, ou arranjar um emprego para pagar as contas. Precious acredita que estudar é importante e assim bate de frente com sua mãe que a expulsa de casa. Precious então procura ajuda no único lugar onde aparentemente parecem gostar dela – a escola.

Precious” de Lee Daniels é um filme triste.

A personagem central vem de uma família paupérrima, é obesa, analfabeta e como se não bastasse, a mãe nutre um ódio por ela (se descobre ao final do filme o porquê), o pai, alcoólatra, a estupra desde pequena e tem dois filhos fruto deste incesto – sendo um com síndrome de down. Mãe e filha se agridem o tempo todo ao ponto de jogarem vasos, comida, televisões e afins uma na outra.

Por fim, e não menos importante, Precious contrai o vírus HIV do pai.

Ou seja, uma tragédia contemporânea.

Nobody loves me!” diz Precious ao finalmente desabar em prantos diante dos fatos que descrevem sua vida. Este momento valeu sua indicação ao Oscar 2010 como Melhor Atriz, certamente. Gabourey Sidibe dá a Precious uma interpretação limpa, sem exageros, segura e implosiva – muito envolvente! Em contrapartida Mo’nique, atriz comediante premiadíssima nos EUA, assusta com a performance de mãe de Precious - arrebatador! Concorre ao Oscar 2010, como Melhora Atriz Coadjuvante – forte candidata, pois obrigou sua parceira de cena a se desdobrar e permitiu um esquema de ação e reação entre as duas fortíssimo.

Resultado: Atuações formidáveis, verdadeiras e intensas.

Com uma câmera na mão, planos tremidos, quadros tortos e uso e abuso do zoom, Lee Daniels confere ao filme realidade e fragilidade. A montagem fragmentada, ágíl, com cortes secos e bem criativa dá uma cara de 'vídeo-clip' de MTV, deixando mesmo diante das atrocidades, “Precious” um filme não tão pesado e fácil de se assistir.

Um cenário do Harlem real e nada romanceado – um soco no estômago! Mariah Carey surpreende como a funcionária do governo.

A trilha é muito gostosa..

Concorre também nestas categorias ao Oscar 2010 -

Melhor Filme

Melhor Diretor

Melhor Roteiro Adaptado - forte candidato.

Para chorar muito,

Fica a dica.

quarta-feira, 3 de março de 2010

"A fita branca", 2009, Michael Haneke


A fita branca” se trata de um retrato fiel à vida levada 100 anos atrás na Alemanha num período pré-1a Guerra Mundial. É assim, sob a égide de um barão autoritário e centralizador e um padre católico ortodoxo, que vivem os habitantes de um pequeno vilarejo alemão, um onde a moral, a ética e a conduta são sustentados por uma educação patriarcal, uma fé dogmática e a ignorância completa. Sobressai acima de tudo uma falta de tato conjugada com tal ignorância no que diz respeito ao tratamento dado às crianças.

Todo esse clima, essa tentativa de ‘ordenar’ as pessoas é contestada justamente por uma sucessão de acontecimentos estranhos que pairam como uma espécie de vingança e punição aos maus tratos e a uma exigência imposta pela sociedade em si. Uma dura crítica aos valores e a moral de uma época – como lidar com a infância, o tratamento dado às mulheres e assim por diante. "A fita branca", segundo um dos personagens, é usada quando alguma criança erra ou comete um pecado. Uma marcação que nos faz lembrar de uma outra guerra…

Mesmo tendo um roteiro confuso e mais de duas horas que demoram a passar, “A fita branca” é um filme dirigido corretamente e deixa o espectador sentir as dores, angústias e medos de todos os personagens sem entregar de graça tais sentimentos. Uma obra que procura traduzir e descobrir o ódio de um povo, um sentimento despertado, desorientado e desprovido de culpa, razão e remorso que pode ter dado início a um pensamento nazista do país.

Concorre ao Oscar 2010 como Melhor Filme Estrangeiro

terça-feira, 2 de março de 2010

"Guerra ao Terror" 2009, Kathryn Bigelow


Guerra ao Terror” de Kathryn Bigelow e escrito por Mark Boal traz um retrato mais que fiel dos acontecimentos e desastres que se deram no Iraque, os ‘bastidores’ e outras facetas de uma Guerra permeada de incertezas, injustiças e informações veladas. Opiniões políticas à parte, Kathryn Bigelow concluiu uma obra de ficção sob uma ótica quase documental extremamente apurada, que denuncia o inferno vivido tanto pelos soldados americanos quanto pelos muçulmanos e que discute justamente a estratégia global de combate ao terrorismo encaminhada pelo ex-presidente George Bush.

Com uma câmera na mão, trêmula e que abusa e usa de ‘zooms’, ângulos e enquadramentos improvisados, Kathryn traduz um clima realista e ao mesmo tempo tenso, agitado e caótico. Um filme meticulosamente invasivo e bem dirigido.

William James (Jeremy Renner) e JT Sanborn (Anthony Mackie) são sargentos do exercito americano e cabe a eles a tarefa de desarmar bombas, homens-bomba e qualquer outra espécie de explosivo - traduzem o inferno que se passa no Oriente Médio sob o ponto de vista dos milicos americanos. Ambos os atores cumprem os papéis extraordinariamente e presenteiam a platéia com as angústias, pavores, a adrenalina, o vazio e as duas mais latentes idéias: a sensação de fragilidade e dispensabilidade - a possibilidade de que a qualquer minuto sua cabeça pode voar pelos ares e ninguém “gives a shit!”. Atores preparadíssimos...

Mesmo sendo massante, repetitivo, e até tedioso em alguns momentos “Guerra ao terror” possui altos momentos de suspense, planos muito bem pensados, e um texto pra lá de bem escrito!

Há apenas um momento onde William James parece lembrar Daniel Craig - James Bond, com uma pistola em punhos, querendo dar uma de herói, ‘passeando’ por uma cidadela árabe na calada da noite. Americanos... hunf!

Concorre ao Oscar 2010 como Melhor Filme, Melhor Direção, Melhor Roteiro Original e Melhor Ator (Jeremy Renner) justamente por reunir tantas qualidades, fora é claro, a idéia central - o tapa na cara do Sr. Presidente dos Estados Unidos da America.

Fica a dica. (Para quem se interessa pelo tema, caso contrário...)

segunda-feira, 1 de março de 2010

"Amor sem escalas" 2010, Jason Reitman


Um filme surpreendente!!

Um roteiro nada rebuscado mas criativo e instigante. Amor sem escalas” deu ao ator George Clooney um papel que o fez 'suar'. Talvez faça-o 'dançar' ao receber a cobiçada estatueta do Oscar 2010.

Ryan Bingham, (Clooney) é um funcionário de uma empresa especializada em realizar demissões – ele é contratado para ser o porta-voz da requerente, no momento que a mesma decide despedir seus funcionários, e não tem a coragem, ou o saco para fazê-lo. Eis que aparece Nathalie (Anna Kendrick), recém saída da universidade, altamente graduada em psicologia e afins, sugere a empresa de Ryan, que esse trabalho seja feito através de ‘Webcams’ facilitando a vida de milhares como o próprio, que passaram a vida rodando os EUA, 10.000.000 milhas voadas, e que assim, ficaram sem residência fixa, sem a possibilidade de fazer amigos, família, etc.

Ryan encontra a idéia absurda, pois coloca em choque justamente o que ele vem fazendo há 20 anos, seu modo de vida e uma suposta sensação de felicidade e completude. Mas mesmo desgostoso com esta idéia, Ryan e Nathalie, fazem uma última demissão numa empresa, como uma espécie de treinamento para a novata.

Ao longo da jornada, Nathalie descobre que demitir alguém, não é tarefa tão fácil assim de se fazer e passa a creditar o trabalho de Ryan. Além disso, e não menos importante, Ryan também se depara com o fato de sua vida ter se tornado vazia, desconectada e isolada de um ‘mundo’ ao qual ele achava que não fazia parte - ou que achava que não gostaria de fazer parte.

Estar sempre ocupado com a próxima viagem e com o próximo destino nunca permitiu que Ryan se conscientizasse de seu próprio destino, seus anseios e desejos.

Jason Reitman utilizou trechos reais de depoimentos de funcionários realmente demitidos ao redor dos EUA, dando ao filme uma cara politizada, dando enfoque a crise financeira que abalou o país, e o império americano nos últimos anos.

Todos esses elementos tornam “Amor sem escalas” um forte candidato ao Oscar 2010 como Melhor Filme. Ao contrário de “Avatar” de J.Cameron que vem ‘metralhando’ com seus efeitos espetaculares, o filme de Reitman, é cotado pois arrisca "traduzir", através de sutilezas e sentimentos, homens como Ryan Bingham que crêem no trabalho, e se deixam levar pelo lado profissional mais que o pessoal, algo muito comum.

Um tema forte, presente, atual e contado com extrema inteligência, sagacidade, delicadeza e humor.

A fragilidade de Ryan é vivida intensamente - um homem que acredita piamente na maneira que elegeu para viver e que se depara, de repente, com algumas coisas 'diferentes' - os sonhos ingênuos da novata Nathalie, o rumo que a vida deu às suas irmãs, e finalmente, Alex (Vera Farmiga), uma mulher onde Ryan descobre uma vontade inédita, inóspita e que aparentemente coloca em choque todo esse dogma e seu jeito de ser.

A maneira como o personagem chega a um fechamento (se é que chega) é algo ímpar, poético e muito rico. Uma peculiaridade a respeito do olhar masculino das coisas...

Concorrem ao Oscar 2010 como coadjuvantes, ambas as atrizes Anna Kendrick e Vera Farmiga. Atuações corretíssimas!!

George Clooney surpreende.

Jason Reitman é o homem do ano. Com seis indicações ao Oscar "Amor sem escalas" emplaca, e o que poderia ser mais uma comédia romântica se revela um filme de forte apelo e com temas importantes; depois de excelentes filmes como "Juno" e "Obrigado por fumar" Jason só tem a torcer - Sua direção nada óbvia e bem humorada pode lhe render bons frutos.

"Imagine que sua vida é uma mochila... Coloque dentro dela as coisas que você fez, conquistou, as pessoas...."

Nada fica "up in the air" depois de assistir o filme..

Um filme para ser apreciado com a mente bem aberta!

FICA A DICA!

Concorre ao Oscar nas seguintes categorias:

Melhor Filme

Melhor Direção

Melhor Ator

Melhor atriz coadjuvante

Melhor roteiro adaptado

"Educação", 2010, Lone Scherfig


Assim como “O segredo de Vera Drake” & “Segredos e Mentiras”, de Mike Leigh, a diretora Lone Sherfig esbarra na trave e quase emplaca com “Educação” que se trata de um outro conto inglês que retrata um pouco da vida inglesa burguesa, a falada falta do que fazer, o marasmo, o tédio, a conduta, as regras e o cinza do país, bem contados, porém, sem grandes surpresas.

Jenny (Carey Mulligan), 16 anos, é uma aluna exemplar que tem como ambição se formar em Oxford. Tem então, dentro de casa, pais rígidos que exigem dela estudos 24/7. Eis que um dia conhece David (Peter Saarsgard), 20 anos mais velho, rico, que lhe oferece conhecer as ditas “coisas boas da vida”, boites, bares, festas, diversão, gastronomia e afins. Tudo vai bem até que a escola de Jenny descobre o ‘affair’ e apresenta a ela uma difícil decisão: Largá-lo para que ela possa estudar e ser ‘alguem’ na vida, ou se deixar levar por uma vida insegura, boemia e irresponsável com este homem. Nada surpreende no roteiro, que toca num assunto batido como 'a função da mulher na sociedade' - Mulheres devem estudar ou esperar maridos ricos? - Além disso, o filme se desdobra de maneira mais que previsível – David na verdade consegue seus bens e as diversões através de atos escusos, e não se trata de um homem de uma mulher só, nítidamente. Com a reviravolta, nada surpreendente, de eventos, Jenny se depara com uma questão angustiante sobre o sentido da vida e assim repensa alguns valores questionáveis, a educação e principalmente aqueles atalhos que aparecem diante dos olhos de vez em quando. Para uma mulher basta casar-se, ou é necessária uma boa educação?

Um filme linear, sem grandes surpresas, previsível e simples. Conta como ponto positivo as atuações de Alfred Molina e Carey Mulligan (Pai e Jenny).

Carey Mulligan concorre ao Oscar 2010 como Melhor Atriz – e é forte candidata!

As outras indicações

Melhor Filme

Melhor Roteiro Adaptado

A dica não ficou.