domingo, 27 de fevereiro de 2011

And the Oscar 2011 goes to....



Melhor Roteiro adaptado

A Rede Social


->->->127 Horas


Toy Story 3


Bravura Indômita


Inverno da Alma

Melhor Roteiro original

Minhas Mães e meu Pai
(esse é foda!!)

->->-> A Origem


O Discurso do Rei


O Vencedor


Another Year

Melhor direção de arte

Alice no País das Maravilhas


Harry Potter e as Relíquias da Morte – Parte I


A Origem


O Discurso do Rei


->->-> Bravura Indômita

Melhor fotografia

->->-> Cisne Negro


A Origem


O Discurso do Rei 
(essa é foda!!!!)

A Rede Social


Bravura Indômita

Melhor figurino

Alice no País das Maravilhas


I am Love


O Discurso do Rei


The Tempest


->->-> Bravura Indômita

Melhor montagem

Cisne Negro 
(essa é foda!!!)

O Vencedor


O Discurso do Rei


A Rede Social


->->-> 127 Horas

Melhor Mixagem de som

->->-> A Origem


Bravura Indômita


O Discurso do Rei


A Rede Social


Salt

Melhor diretor

-à>>>>>Darren Aronovsky – Cisne Negro


David Fincher – A Rede Social


Tom Hooper – O Discurso do Rei 
(DIFICIL…)

David O. Russell – O Vencedor


Joel e Ethan Coen – Bravura Indômita

Melhor ator

Jesse Eisenberg – A Rede Social


à>>>>>>>Colin Firth – O Discurso do Rei


James Franco – 127 Horas


Jeff Bridges – Bravura Indômita


Javier Bardem – Biutiful (ESSE É FODA!!)

Melhor atriz (Neste ano, o prêmio mais dificil de ser dado. Todas são excelentes).

Nicole Kidman – Reencontrando a Felicidade


Jennifer Lawrence – Inverno da Alma


--à>>>>>>Natalie Portman – Cisne Negro


Michelle Williams – Blue Valentine


Annette Bening – Minhas Mães e meu Pai

Melhor ator coadjuvante

-à>>>>> Christian Bale – O Vencedor


Jeremy Renner – Atração Perigosa


Geoffrey Rush – O Discurso do Rei


John Hawkes – Inverno da Alma


Mark Ruffalo – Minhas Mães e meu Pai

Melhor atriz coadjuvante

Amy Adams – O Vencedor


Helena Bonham Carter – O Discurso do Rei


Jacki Weaver – Animal Kingdom
(não assisti)

--à>>>>>Melissa Leo – O Vencedor


Hailee Steinfeld – Bravura Indômita

Melhor longa animado

Como Treinar o Seu Dragão


O Mágico


à>>>>>Toy Story 3


&


Melhor filme

-----à>>>>>Cisne Negro


O Vencedor


A Origem


O Discurso do Rei


A Rede Social


--à>>>>>>>>Minhas Mães e meu Pai


Toy Story 3


127 Horas
Bravura

Indômita


Inverno da Alma


"Blue Valentine", 2011, Derek Cianfrance


Se tem uma coisa que "incomoda" jovens cineastas é a velada obrigatoriedade de criar filmes ‘estilosos’, ‘modernos’, ‘transgressores’ e quase nada inteligíveis.


Existe sim nos autos da história da filmografia mundial, evidências de que a forma de fazer cinema mudou. Hoje está em voga filmes sem desfecho, atemporalidade, personagens com nuances e nada maniqueístas and so on...


Porém, esta pequena introdução foi necessária para poder “entender” e “explicar” o filme de Derek Confiance.


Blue Valentine conta a história de Dean (Ryan Gosling), Cindy (Michelle Williams) e sua filhinha pequena Frankie (Faith Wladyka) - uma familiazinha meiguinha, certinha e fofinha, aparentemente feliz e realizada. Porém, aos poucos o espectador vai percebendo que Dean, ao contrário de Cindy, considera-se satisfeito e contente – brinca com a filha a todo instante, procura fazer amor com sua esposa e tenta fazer da vida em família algo divertido e harmonioso. Já Cindy exibe um comportamento avesso e arisco – não consegue pensar em outra coisa senão os afazeres diários e as responsabilidades. Dean nunca foi um rapaz brilhante – nem o colegial ele terminou - mas era habilidoso e esperto, levando Cindy a crer que ele chegaria a algum lugar mais confortável e próspero. Coisa que não o incomodou de maneira alguma – Dean sonhou em ter um vida medíocre, na qual haveria uma esposa maravilhosa e uma filha lindinha. Logo, ele tinha o que queria.


Blue Valentine vai, então, apresentando o clima desgostoso em que Cindy se encontra.


Até aí, nada de novo, tudo está muito claro e todos esperam a resolução da história.


Cianfrance, coloca em pauta, por fim, a história de Dean e Cindy. O filme é atravessado por alguns flash-backs que contam como os dois se conheceram e se apaixonaram; e por que a

cabaram juntos. Para surpresa do espectador, é possível afirmar que foi por piedade e compaixão que os dois se uniram – aliás, que Dean acolheu Cindy.


Cindy namorava outro rapaz antes de conhecer Dean. Um rapaz que representava muito bem seu amor pela mesma. De tão apaixonado, fez questão de deixá-la grávida, coisa que mudou drasticamente sua vida. Abalada e assustada, Cindy resolve contar a Dean sobre sua situação, deixando o rapaz eternamente comovido. E, como de se esperar, entre dois jovens tolos e apaixonados, aquele fogo e aquela paixão literalmente mexeram com seus neurotransmissores, confundindo-os, levando-os a achar que aquele sentimento de compaixão, altruísmo e bondade pudesse ser “amor”, proporcionando, então, um altar na vida dos pombinhos.


Ou seja: Dean realmente se apaixonou por Cindy, por sua situação e por seu bebê e pela vida que ele vislumbrou poder ter e que, enfim, desejava ter, mesmo sendo mais cedo que imaginava.

Cindy, por outro lado, como qualquer mãe, A-DO-ROU saber quer teria um macho para mimá-la, cuidar-lhe e protegê-la num momento tão difícil e o aceitou de braços abertos, mesmo com as evidências sobre as ambições do mesmo palpitarem e se destacarem diante dela.

Enfim, e o que aconteceu depois?




Finalmente lhe caiu a ficha de que Dean não era aquele homem que imaginara querer ter para si, e assim ela simplesmente “fell out of love”...


Blue Valentine exibe, nua e cruamente, o desgaste que ocorre entre Dean e Cindy. Só isso...

E gera, portanto, uma dúvida cruel....


Por que fazer um filme sobre desgaste, dado que não há nada pertinente no comportamento de Dean que cause esta situação? Cindy, aliás, ao contrário de Dean, não teve a menor compaixão pelo mesmo, simplesmente decidiu que era o fim.


A entrevista com Derek Confiance elimina qualquer duvida: ele conta que levou 12 anos para escrever o roteiro, que foram mais de 67 tratamentos e que sua principal meta era escrever um filme que realmente fosse palatável – em que o espectador pudesse “se encontrar”. Derek se queixou de que muitas vezes filmes sobre relacionamentos não contam "como as coisas são", romanceiam demais e perdem o laço com a realidade. Diz que o grande lance de Blue Valentine é que os personagens vivem a vida que o espectador vive e que foge ao máximo às fantasias.


Deixo aqui o espectador tirar suas próprias conclusões.


Este blog teria vergonha de dizer que levou 12 anos para escrever um roteiro depois de exibir Blue Valentine.


A dica ? Que dica?


PS: No que concerne às atuações – Excelentes. Tanto Michelle Williams como Ryan Gosling deram um duro danado dando performances muito ricas e com camadas interessantes aos seus personagens. Salvaram o filme. Ryan Gosling é um grande talento.


Derek Cianfrance dirigiu Blue Valentine com talento. Sabe, ao menos, tecnicamente, exatamente o que quer e como compor belas e fortes cenas.

Só faltou-lhe um roteiro mais interessante...


De tão preocupado em fazer algo tão mágico, acabou por morrer na praia...


Michelle Williams concorre como Melhor Atriz no Oscar 2011. Indicação merecida.

"Encontrando a felicidade", 2011, John Cameron Mitchell



Encontrando a felicidade (Rabbit Hole), o novo filme de John Cameron Mitchell, adaptado da peça de David Lindsay Abaire, é uma obra que fala sobre o que se faz diante de perdas, ausências e a possibilidade de uma vida diferente.


Becca (Nicole Kidman) e Howie (Aaron Eckheart) perderam seu único filho num acidente de carro. O casal teve então sua pacata e feliz vida interrompida e atravessada por uma fatalidade que tornou a relação muito complicada. Depois de meses frequentando um grupo de apoio, Becca decide que aquele lugar não está lhe fazendo tão bem; passa, portanto, a tentar se virar sozinha. Howie, por outro lado, aparenta talvez uma aceitação maior e passa a sugerir algumas mudanças à Becca, que as rejeita sem pestanejar, causando, por assim dizer, abalos maiores que os dois poderiam suportar.


Nitidamente, tanto Becca como Howie sentem dolorosamente a ausência desse filho e sentem-se completamente desnorteados e desesperançosos em relação ao casamento – parece que tudo perdeu sentido depois que o filho faleceu.


Para completar, Becca “sente” a necessidade de chegar perto do adolescente (Miles Teller) que atropelou seu filho. Uma sensação que mescla algum masoquismo com curiosidade; sofrimento com julgamento e assim por diante. Naturalmente, Becca deseja saber se algo mudou na vida do rapaz, se o mesmo está abalado, assustado, arrependido, desestruturado e perdido, assim como ela e seu marido. Ela deseja ver consternação no rosto do rapaz. É algo que ela precisa para conseguir compreender o acontecido, como se “justificasse” a morte de seu filho; algo que servirá como uma lição para a vida do mesmo.


Os dois atores trocam muito bem!


Para sua surpresa, o rapaz está moralmente abatido e indolente. Aos poucos, ambos se aproximam, numa espécie de simbiose em que dividem as mágoas, a desolação e uma aflição latente que um tem pelo outro - uma catarse inacreditável. Encontrando a felicidade é de fato um filme comovente. Retrata de forma integral a vagarosa reconciliação de um casal à beira da separação: a luta por uma nova estrada, a necessidade de ter a família por perto e o valor na empatia pelo próximo.

Duas pessoas que dependem uma da outra e de repente se veem sozinhas.


Nicole Kidman literalmente arrasa e atribui a sua personagem nuances das mais difíceis e equilibradas. Ela concorre novamente como Melhor Atriz na premiação do Oscar 2011. Uma inteligente e delicada interpretação.

Aaron Eckheart tenta acompanhar, mas, como se diz, para na página 3. Cumpre bem mas não alcança Nicole Kidman, infelizmente.

John Cameron Mitchell é um diretor primoroso. Acerta em cada plano e torna Encontrando a felicidade um filme, um ensaio fascinante sobre as lições que a vida pode pregar em algumas pessoas.

Chega um momento na vida de Becca em que encontrar conforto é uma questão de sobrevivência. Arrancar bravura em momentos escuros e angustiosos não é moleza.

Escolher um buraco para se esconder ou utilizá-lo para viajar para outra dimensão? Ou é melhor deixá-lo ali mesmo?



Assim como no clássico de Lewis Carroll, Alice no país das Maravilhas, a personagem dialoga com a realidade e com o que é possível fazer dela. Sobre como, algumas vezes, os problemas e as soluções residem numa questão de ótica - e sobre os que sobrevivem: pois se permitem um novo olhar sobre a vida.

Só assistindo para entender.


Belíssimo filme.


Nicole Kidman concorre novamente como Melhor Atriz na premiação do Oscar 2011. Inteligente e delicada interpretação.


Fica dica!!!

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

"127 Horas", 2011, Danny Boyle


Trainspotting, A praia, Extermínio e Quem quer ser um Milionário? fazem parte de uma breve e ressonante lista de filmes que um cidadão chamado Danny Boyle coleciona. Dispensam, desse modo, qualquer apresentação. É dito que cada diretor imprime uma marca ou define sempre um assunto central. Danny Boyle foge à regra.

Cada um desses filmes teve argumento, a linguagem, a montagem quanto a direção como algo muito particular e, decerto, marcou uma geração. Quem não se lembra do braço de Ewan McGregor saindo de dentro do vaso sanitário (referência à lenda de Rei Arthur); daquela sensação paradisíaca e ao mesmo tempo angustiante de Richard e seus amigos; das imagens pujantes de Quem quer ser um Milionário?

Dessa forma, e provavelmente com uma mão amarrada nas costas, Danny Boyle dirigiu 127 horas, um thriller de suspense aflitivo, algo quase desesperador, mas que, em sua simplicidade e sutilezas, arrisca passar uma mensagem muito sincera e bacana.

Ou seja, mais uma vez muda-se o cenário drasticamente, mas a mensagem permanece imponente.

Uma vez, durante uma palestra num festival, discutia-se o aumento do valor do ingresso dos cinemas. Ouvi de um cineasta que o preço do ingresso do cinema é o mesmo do Big Mac. A diferença é que depois que se come o sanduíche, bem, ele é processado e nada mais – um prazer a curto prazo. Já o filme é processado até o primeiro sintoma de Alzheimer... (Piadinha infame e pesada, mas é a pura verdade.)

Ou seja, mesmo sendo assustadoramente simples, é um filme que emite uma mensagem. Cinema é isto – o poder de deixar uma marca infinita no indivíduo...

Boyle, portanto, com a atuação franca e empática de James Franco, aborda um tema muito interessante – a força da ação de cada homem. E fala sobre como cada dia, cada escolha que um homem faz repercute no seu futuro. Como disse um certo filósofo: “Somos, e quando somos, nosso próprio devir, a responsabilidade nas próprias mãos.”

Uma mensagem simplesmente simples – mas que causa um impacto considerável.

O filme tem ainda direção e montagem ágeis e inteligentes – quando parece que se tornará maçante, o roteiro de Boyle e Simon Beaufoy apresenta algo diferente.

127 Horas é um roteiro adaptado que conta a história real do famoso alpinista Aron Ralston, que ficou preso entre rochas dentro de um cânion isolado nos EUA. Sem ninguém por perto senão sua própria consciência e uma minifilmadora, Aron passa por momentos que jamais imaginara viver. Aos poucos Aron começa a entender que aquilo não foi um acidente ou coincidência, mas sim uma consequência de seus atos.

Um filme que fala sobre coragem.

Singelo e perspicaz.

Fica a dica

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

"A Rede Social", 2011, David Fincher




David Fincher é conhecido por realizar filmes de suspense.

Dentre eles Se7en - Os Sete Crimes Capitais, Clube da Luta, Zodiac e outros.

Em A Rede Social, esse estilo abriu caminho para algo mais ordinário e sem grandes surpresas. Afinal, a vida de Mark Zuckerberg e seu facebook não é algo fenomenal a ser contado, a não ser, é claro, pelo sucesso que fez, o qual - cá entre nós - é relativo: Just the right person, at the right time, with the right idea...

Portanto, não causa nenhum espanto questionar – por que será que esse filme ganhou o Globo de Ouro 2011...?

Claramente, não foi por sua qualidade como filme. Fiquemos com questões de jabá y otras cositas más...


Este blog entende que são quatro os elementos que fazem um filme ser considerado 'BOM'.

Em ordem de importância:

4. Atuações – A capacidade de compreensão dos atores sobre a história, além da habilidade de convencer plateias de que aquilo não é uma encenação (o que os mais alternativos chamam de “a magia” do cinema...).

3. Proposta - A que se propôs o filme? Cumpriu com aquilo que dizia a sinopse? (Não querendo diminuir David Lynch), mas é minimamente inteligível...?

2. Forma – Fotografia, direção e montagem são criativas, autorais e, enfim, pensadas? O idealizador ousou explorar o instrumento cinematográfico como um todo?

1.Mensagem – O filme passa um recado que permite alguma reflexão ?

No que diz respeito à história de Zuckerberg, os itens 3 e 4 podem ser contabilizados. E contabilizados com "C" maiúsculo - qualquer pessoa fica por dentro da turbulenta biografia do rapaz e assiste àquela “turminha” de jovens atores representar de forma mais que satisfatória.

Já os itens 1 e 2 foram ignorados.

Somada a isso, a direção de Fincher, mesmo sendo medíocre, tem um grande mérito: um filme que poderia ser sacal tem uma agilidade incrível e passa num piscar de olhos – mérito também da montagem, é claro. Ou seja, um agradável filme, ótimo para passar o tempo – ao estilo “Sessão da Tarde”.

E nada mais.

Basta apenas ser comentado a atuação de Jesse Eisenberg, ator responsável por encanar Zuckerberg – o rapaz exibiu muita segurança e equilíbrio. Criou um Zuckerberg nerd, mala, sagaz, sonso e muito mocker... Vale a pena conferir. (Não merece Oscar por nada na vida, mas tem seu valor.)

Por fim, resta dizer que a nomeação de A Rede Social causa estranheza.

É um filme como outro qualquer, que não inova como roteiro nem como linguagem.

Cisne Negro dá um banho, diga-se de passagem.


A dica fica, para aqueles que, tranquilamente, esperam um mínimo, assim como essa crítica miudinha...