segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

"Distrito 9", 2009, Neill Blomkamp


Mesmo tendo como premissa uma narrativa copiada sobre heróis, vilões e aliens, "Distrito 9" traz uma outra forma de contar histórias Sci-Fi.

Neill Blomkamp, protegido de Peter Jackson, dirige esta história sobre extraterrestres que caíram na terra há 20 anos, no continente Africano. Logo que chegam tais criaturas são alojadas numa espécie de campo de concentração enquanto seres humanos procuram saídas para resolver sua partida para seu planeta natal.

A MNU, versão fictícia da ONU, responsável por tal, revela, porém, outras intenções para com os visitantes - são iniciados testes, ao estilo 'Roswell', onde a frieza e crueldade humana são exploradas a finco.

Digam o que quiser, pode ser batido, clichê, mas é interessante. Uma idéia que, de tão batida, pensa-se – “Como é que ninguém fez isso antes?”

E não fizeram.

O filme narra de forma 'jornalística-documental', lembrando filmes como "Cloverfield" (2008) e "REC" (2007), a relação aliens-humanos, com pitadas de críticas ao apartheid, e outras questões “humanas”.

O gatilho do filme dispara quando um agente do controle populacional dos aliens, Wikus Van De Merwe, é infectado por uma ‘gosma’ que causa a ele algo, digamos, sinistro. Infectado, Wikus se vê diante de um dilema, uma questão de vida ou morte.

A partir dái tem-se um filme repleto de cenas de ação, muito bem dirigidas e que dominam a atenção de maneira contundente.

Sci-Fi puro, puxado para um realismo, bem amarrado e empolgante. "Distrito 9" é, desde a escolha do elenco, sem ninguém famoso, o que fornece o elemento supresa, e com o ótimo Sharlto Copley (que vive Wikus) um thriller bem diferente.

Claro que há momentos típicamente americanóides em que, numa rajada de balas, todo mundo toma tiro menos o personagem central, um bunker explode e o fulano não morre, e assim por diante – bem ao estilo 'duro de matar'.

Mas, olha, é assim mesmo!! Deixemos este pequeno detalhe de lado.

O que vale em "Distrito 9" é a linguagem de “fake-doc”, a direção e o enredo em si. Muito bem bolado e deixando com vontade de que haja uma espécie de continuação.

Tão bem bolado, que concorre ao Oscar de Melhor Filme, Edição e Roteiro Adaptado.



Fica a dica.

"Julie & Julia", 2009, Nora Ephron


Não é a toa que muitos saíram da sala de cinema com uma sensação agradável. Muito bom quando assiste-se à um filme despretensioso que enfeitiça a todos...

Nora Ephron conduz “Julie e Julia” de forma graciosa e compensa seus fãs depois de um “A Feiticeira” (2005) tão sem-graçinha.

Não é, de longe, nenhuma obra-prima.

Mas quem disse que todo filme tem de ser uma?

A diretora dos cults “Sintonia de Amor” (1993) e “Mensagem para você” (1999) e roteirista do festejado “Harry & Sally” (1989) emplaca uma divertida e irreverente história sobre culinária, amor e sucesso.

Julie & Julia” conta a história de duas mulheres conectadas pela mesma paixão – a cozinha. Passada em dois momentos distintos da história e em cidades diferentes – NY 2002 e Paris 1945, a fita se trata de um roteiro simples, mas em sua simplicidade cativante, alegre e saboroso.
Meryl Streep interpreta Julia Child que trouxe a culinária francesa para os EUA, durante a segunda guerra mundial, através de seus renomados livros de receita e programas de TV. Amy Adams é Julie Powell - agradável senhorita que trabalha numa agencia de seguros mas que na verdade se trata de uma cozinheira de mão cheia.

Amy tem um sonho: ser uma bem sucedida escritora. Deprimida por não ver sua carreira decolar, Julie e seu marido “afogam” as mágoas nos pratos que ela prepara tão saborosamente. Eis que seu marido tem uma brilhante idéia: escrever um blog sobre culinária colocando em prática as receitas de Julia Child - trocando idéias sobre a experiência de 'ser' e 'fazer' o que Julia Child fazia com os internautas - uma espécie de twitter e seus seguidores.

O ponto forte do filme é a interpretação de Meryl Streep, que assustadoramente se assemelha com a verdadeira Julia Child, corroborando a ideía de que se trata de uma atriz perfeita. Nora Ephron é capaz de entregar um filme literalmente gostoso, que não causa frisson, mas que conta duas histórias que se cruzam de maneira muito especial. Uma “sessão da tarde” pra lá de prazerosa! Poderia ser mais enxuto, menos redundante em alguns momentos, mas tais 'defeitos' passam batido ao final da sessão.

Uma aprazível experiência!!

Fica a dica.

Julia Child no youtube - http://www.youtube.com/watch?v=TVdI85jb8xg&feature=rec-LGOUT-real_rev-rn-1r-1-HM)

PS: saia p ver o filme com certa fominha...Depois inspirado pelo filme, vá a um bom restaurante.

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

"2012", 2009, Roland Emmerich


Vá ao cinema! Vá ao cinema!!

"2012" narra o dia em que a terra enfrenta um cataclisma de proporções iguais as que limaram os dinos da terra à milhões de anos atrás.

Se trata de um roteiro esdrúxulo, fuleiro, clichezasso, frágil e com conflitos típicos americanóides.
Ou seja, a principio, uma bomba!

Talvez, por isso, a escalação do ótimo John Cusack.


Mas, mesmo beirando o ridículo, compensa.

Este cara chamado Roland Emmerich destrói a terra de uma forma jamais vista antes e traz para este segmento 'destruição-do-planeta' uma magnífica experiência!

Efeitos especiais fabulosos e extremamente criativos – com certeza haverá uma atração em algum parque da Flórida mimetizando as cenas de ação expostas ali.

Nada rebuscado, nada muito reflexivo, mas com uma mensagenzinha e trilha cafoninha...

Diferentemente de filmes de super-heróis, Emmerich procura dar um possível retrato da destruição do mundo e uma resolução realista para tal.
Só isto.
É venda de ingressos? É. É cinema indústria? É.

Para quem gosta de efeitos-especiais, aventuras carregadas de explosões, situações inéditas e excitantes, além de personagens intrépidos, "2012", torna-se imperdível.

Não espere mais nada que isso - espetáculo, acão e thriller eletrizante.
Isto também é cinema, afinal, que desperdício a tela do cinema seria se não houvesse filmes como este.


Fica a dica!
(PS: o Rio de Janeiro não é destruído como a mídia publicou.)

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

"UP - altas aventuras!", 2009, Pete Docter


Excluindo a qualidade Disney-Pixar que é impecável, excepcional e deslumbrante, "Up" poderia se chamar "Down" - não arrebenta de jeito nenhum.

Up” conta a história de Mr. Fredricksen - um velhote que recebe uma 'intimação' para se mudar para um asilo devido a um episódio, digamos, agressivo. Ele resolve, então, arriscar uma última aventura e embarca numa viagem com sua própria casa até a américa do sul – algo combinado com sua esposa já falecida mas que não foi concluído. Porém, o velhinho sagaz tem uma inesperada surpresa: leva consigo, por acidente, um pirralho escoteiro e bisbilhoteiro que passava por ali na hora da 'decolagem'. Ironicamente, o fedelho tem de realizar uma última tarefa para receber uma condecoração – ajudar um idoso precisando de ajuda.

Pronto! Aí está o gatilho do filme: Um velhinho cheio de manias que se depara com um novo paradigma. Por mais lúdico que seja fazer uma casa voar suspensa por balões até o Peru, “Up” se trata de um roteiro nada criativo, sem graça, com um tema batido e aquém dos filmes Pixar.
Acostumado, ou mal acostumado, a assistir à MAGIA DISNEY, este filme decepciona. Pode parecer piégas, clichê, 'whatever'... Simplesmente, não tem mágica alguma. Uma fita que tem 90 minutos de duração e que passa os primeiros 30 contando a história de um velhinho, uma muito TRISTE por sinal, e que de tão triste fez com que a criança que assistia comigo dissesse, "Mas você não disse que era para nos divertir?"

Enlouqueceram! "Up" é um filminho sem graça, sem apelo e amoral.

O velhinho tem momentos engraçados? Tem. A relação entre ele e o menino tem momentos divertidos? Talvez poucos. Mas o ponto é: "Up" se trata de uma história fraca, singela e opaca.
Ocorrem apenas, entre poucas surpresas, sucessões de bobagens e falta de imaginação como os cães falantes.

Enfim, “Up” é um short-movie metido a longa metragem de animação.

Só vendo para crer. O pior é que ele será alugado – afinal, é Disney.

Comprando gato por lebre...

Concorre ao Oscar 2010 como melhor filme - ??????????????????????????????????????????????????

E ganhou.

A dica não ficou.

PS: Por outro lado, há Dug uma espécie de golden-retriever muito simpático, bem-humorado que se comporta direitinho como um cachorro de verdade – o bichinho tem um amor ao dono incondicional e cativante. Vale a pena conferir.