terça-feira, 9 de outubro de 2012

"Os Intocáveis", 2012, de Olivier Nakache


Depois de um acidente de parapente, aristocrata fica tetraplégico e, assim, dentre várias entrevistas e diante de uma dezena de rapazes treinados, decide contratar um jovem despreparado, de um universo distante, para ser seu acompanhante.


Depois que algo tão transformador acontece a alguém, a vida passa a ter outro tom, outra cor e outra graça.
O que é sério deixa de ser ser, o que é preciso passa a ser banal e o humor se torna peça fundamental.

Philippe (François Cluzet) nunca parou para olhar o mundo ao seu redor.  Achou que com Driss (Omar Sy) apenas teria um apoio braçal, alguém que pudesse erguê-lo da cama para a cadeira e vice-versa.

Para sua surpresa, descobriu que, por trás dos músculos e da “falta de intelectualidade”, aquele rapagão trazia consigo uma sensibilidade assombrosa, bem como um olhar sobre a vida pragmático, malandro e explosivo.  Se divertir com pequenas coisas é viver.

Os Intocáveis narra a história de dois homens duros. Que se amolecem, juntos.Uma catarse mestre/discípulo às avessas, inusitada e emocionante.

É assim: quando menos esperamos, certas pessoas atravessam nossas vidas de forma avassaladora.

Como de se esperar, atuação impecável de François Cluzet (vide L’Origin, 2009).

E Omar Sy: humor que dá gosto de ver.

Não percam tempo, vão ao cinema, JÁ!!

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

"Tropicália" de Marcelo Machado


"Ai, ai meu deus...?  O q foi que aconteceu...? Com a musica popular brasileira. Todos faram sério... Todos eles levam a sério... Mas esse sério q parece brincadeira..."

Dizia a letra de "Festa de Arromba" de Rita Lee.


O Tropicalismo foi acima de tudo uma grande experimentação.  Em meio ao caos cultural que se instalava no final de década de 60, Caetano, Gil, Tom Zé e Rita Lee dedicavam-se a honrar o movimento antropofágico, promovendo (ou regurgitando), então, musica internacional de qualidade, apropriando-se do que era popular e erudito, gerando, no mínimo, inovações estéticas bastante aprazíveis e inspiradoras.

Enquanto uns os criticavam pela falta de teor ligada a problemática politico-ideológico, outros 'mais espertos' viam da "na piscina, da margarina, com a carolina e movido à gasolina.." justamente a forma de crítica possivel, através da abstração com palavras e jogos linguisticos que não se preocupavam com a forma em si. 

A Tropicália, por assim dizer, entre vaias e gritos histéricos, atravessou o país com um 'visage' vago, porém, repertório invejável, inovador e para lá de divertido.

O filme de Marcelo Machado é um apanhado muito bem costurado e arranjado de vts, cenas pessoais dos artistas e gravacoes dos programas de tv da época que exibiram a febre e verve desse movimento. Os anos ali apresentados; 67, 68, 69, mostram bem o cilma que se instalava no país, bem como os caminhos que a musica popular brasileria traçaria.

Com olhares perdidos e verbo na ponta da lingua, Caetano, Gal, Gil, Rita e Tom, são apresentados ali, de forma apoteótica e o filme "Tropicália" traduz, então, de forma colorida e emblematica aquela época tão "prestigiosa" para a musica popular brasileira.

“Tropicália” imprime de forma pontual o espirito daqueles jovens artistas – antenados, vividos e ousados.


O filme deixa apenas um gosto de quero mais:  Oxi, “quedê” a segunda parte?