segunda-feira, 21 de junho de 2010

"O escritor fantasma", 2010, Roman Polanski



Ewan McGregor faz um jovem escritor-fantasma bem sucedido que concorda em trabalhar para o ex-primeiro-ministro britânico, Adam Lang (Pierce Brosnan). Ele terá de reescrever e reorganizar as memórias já escritas pelo político, processo que fora interrompido pela morte do seu antecessor – o pobre foi encontrado afogado no mar perto da residência do ex-primeiro-ministro. Mesmo assim, ele aceita o emprego, tarefa a qual receberá a quantia de US$250.000, e procura ser o mais profissional possível. Porém, outros elementos surgem e suscitam em McGregor um espírito investigador e, assim, parte numa determinada busca para descobrir que espécie de tramas, politicagens e conspirações aconteceram por ali. Ao reler e examinar as memórias de Lang e após conseguir penetrar no âmago da família, McGregor descobre algo muito maior que imaginava e se vê diante de uma sinuca daquelas.

Baseado na obra Best-seller “The Ghost” de Robert Harris, conhecido por escrever obras sobre amarras políticas e conspirações implícitas, Roman Polanski transporta para o cinema uma história de caráter investigativa, crítica às manipulações políticas e que faz referencias ao mandato de Tony Blair na Inglaterra – algo atual e instigante. O escritor fantasma” traz leve suspense capaz de prender a atenção do espectador do começo ao fim – fato!

Talvez, por isso, levou o Urso de Prata no Festival de Berlim, como diretor, este ano.

Porém, Polanski, deixa o filme arrastado, com mais de duas horas de duração e com um roteiro até que previsível - “O escritor fantasma” oscila, portanto, em qualidade - entre ser um filme com um roteiro extremamente bem escrito, desenvolvido, costurado e que não cansa a platéia – mas um que também não surpreende – deixa todos ávidos para saber a resolução da bendita história, mas ao final “morre na praia”, como se diz. Para aqueles vacinados contra filmes de thriller policial, este é apenas um passatempo ‘maneirinho’ que é bem conduzido até o final. Conta como pontos a favor o elenco - Ewan McGregor, como de praxe, executa seu papel com maestria e segura o filme com as mãos – assim como Pierce Brosnan, ator tido como limitado, que não faz feio e contracena dignamente com McGregor. A atriz Olivia Williams a pouco vista em “Educação” de Lone Scherfig (indicado a melhor filme Oscar 2010) como Miss Stubbs, professora de Jenny (Carey Mulligan), interpreta Ruth Lang mulher de Brosnan, e o faz com firmeza de uma atriz com muito talento – aguardem- na! Link de entrevista de Olivia Williams - http://www.youtube.com/watch?v=qFa1iZGIrQA

Polanski, conhecido por sua habilidade em criar tramas com suspense no ponto certo, sutilezas, tensões e reviravoltas surpreendentes – (Chinatown – sua homenagem aos filmes noir, Bebê de Rosemary – clássico do terror-suspense) traz um filme inteligente, provocador e atual mas parece ter optado em algo mais mamão-com-açucar e fraquinho. Isso que dá se acostumar com um Polanski de outrora...

Depois de filmes como “Os homens que não amam as mulheres” do escritor Stieg Larsson, ficou mais difícil cativar espectadores exigentes por tramas sensacionais.

Mesmo assim, um bom programa. Um filme interessante. Nada surpreendente, mas é um Polanski.


A dica fica.

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