sexta-feira, 9 de abril de 2010

"Um homem sério", 2009, Irmãos Cohen


Michael Stuhlbarg interpreta Prof Larry Gobnik, um homem, como sugere o título, sério. Sim, ao menos, aos olhos de todos à sua volta: no emprego, com sua família, sua esposa, os amigos, os vizinhos e a vizinha gostosa.

Prof Gobnik é um judeu ordinário, um professor de física ordinário, tem uma esposa ordinária, filhos mais que ordinários, vive num bairro ordinário, numa casa ordinária e rodeado por vizinhos ordinários – ou seja, vive uma vida ordinária - aquela que ‘todos’ desejamos e imaginamos que seja perfeita – que não fede nem cheira. Meio ao estilo dos “Simpson’s”?

Neste longa, os Irmãos Cohen, colocam em pauta esta vida ordinária através de um viés religioso (o judaísmo), e assim, revelam o que é ser “sério”, honrar a família e as tradições, ser honesto com a comunidade, ser fiel à esposa, etc, etc; sob o ponto de vista de Larry Gobnik. Ao contrário de Homer, Larry, tem um emprego louvável e não se mete em enrascadas como o chefe da família Simpson, por incompetencia e/ou ignorancia. Muito pelo contrário - Larry leva uma vida impecável - paga contas em dia, não trai a mulher e cuida dos filhos. Tem uma responsabilidade moral consigo e com os outros inabalável. Porém, essa sua 'conduta correta' o leva também a uma outra faceta - a de um homem incapaz de fazer ou pensar o mal e a uma inabilidade em ser assertivo - estas são suas fraquezas e onde justamente, se baseia o filme.

Em “Um homem sérioJoel e Ethan Cohen procuram investigar essa conduta ‘ordinária’ da vida sob o ponto de vista dos outros que orbitam ao redor do personagem de Larry. Desta maneira uma centena de incidentes acontecem onde a paciencia, a moral e a lisura do mesmo é posta à prova. Como dito antes, sob um viés religioso, Larry, então, resolve achar uma solução para seus dilemas com os rabinos da comunidade – e de maneira muito engraçada e irônica, todos eles trazem consigo 2 características fundamentais – a pose de que tudo sabem – e a verdade latente – de que nada sabem.

Assim, quase desmoralizado e se sentindo à beira de um ataque de nervos, impotente diante dos absurdos que lhe são apresentados, Larry resolve refletir sobre sua conduta durante sua vida e sobre os outros. Assim, posso parafrasear uma das máximas de J.P Sartre - "O inferno são os outros!".

Assim como em “Onde os fracos não tem vez” não há catarse do personagem central; esta fica portanto por conta e risco do espectador, que entre gargalhadas, se depara com um 'finale' exótico, diferente e perturbador.

Para mentes desacostumadas com o óbvio.

Fica a dica.

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