quinta-feira, 4 de março de 2010

"Precious", 2009, Lee Daniels


A adaptação do livro “Push” de Sapphire, sucesso de vendas em 1996, vem agora, como um filme independente, concorrer com as grandes produções.

Precious” é um filme desconcertante, que narra a vida de Claireece Precious Jones (Gabourey "Gabby" Sidibe) garota de 16 anos, moradora do Harlem – NY, passada em 1987. Tendo dois filhos para cuidar, sua mãe alega que não há motivo, nem tempo para o estudo – Que é necessário pedir dinheiro ao auxílio-desemprego, ou arranjar um emprego para pagar as contas. Precious acredita que estudar é importante e assim bate de frente com sua mãe que a expulsa de casa. Precious então procura ajuda no único lugar onde aparentemente parecem gostar dela – a escola.

Precious” de Lee Daniels é um filme triste.

A personagem central vem de uma família paupérrima, é obesa, analfabeta e como se não bastasse, a mãe nutre um ódio por ela (se descobre ao final do filme o porquê), o pai, alcoólatra, a estupra desde pequena e tem dois filhos fruto deste incesto – sendo um com síndrome de down. Mãe e filha se agridem o tempo todo ao ponto de jogarem vasos, comida, televisões e afins uma na outra.

Por fim, e não menos importante, Precious contrai o vírus HIV do pai.

Ou seja, uma tragédia contemporânea.

Nobody loves me!” diz Precious ao finalmente desabar em prantos diante dos fatos que descrevem sua vida. Este momento valeu sua indicação ao Oscar 2010 como Melhor Atriz, certamente. Gabourey Sidibe dá a Precious uma interpretação limpa, sem exageros, segura e implosiva – muito envolvente! Em contrapartida Mo’nique, atriz comediante premiadíssima nos EUA, assusta com a performance de mãe de Precious - arrebatador! Concorre ao Oscar 2010, como Melhora Atriz Coadjuvante – forte candidata, pois obrigou sua parceira de cena a se desdobrar e permitiu um esquema de ação e reação entre as duas fortíssimo.

Resultado: Atuações formidáveis, verdadeiras e intensas.

Com uma câmera na mão, planos tremidos, quadros tortos e uso e abuso do zoom, Lee Daniels confere ao filme realidade e fragilidade. A montagem fragmentada, ágíl, com cortes secos e bem criativa dá uma cara de 'vídeo-clip' de MTV, deixando mesmo diante das atrocidades, “Precious” um filme não tão pesado e fácil de se assistir.

Um cenário do Harlem real e nada romanceado – um soco no estômago! Mariah Carey surpreende como a funcionária do governo.

A trilha é muito gostosa..

Concorre também nestas categorias ao Oscar 2010 -

Melhor Filme

Melhor Diretor

Melhor Roteiro Adaptado - forte candidato.

Para chorar muito,

Fica a dica.

Um comentário:

  1. Achei bom, apesar se sentir uma vibe meio Oprah. O que realmente segura o filme são os atores, até a Mariah, como disse, surpreendeu.

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