Uma muito ‘triste’, porém, inebriante, aconchegante e que se esvai ao longo da fita. Deixa de ser triste e passa a ser alegre, acredite!
Repleto de imagens, símbolos e metáforas, uma esfera pouco abordada, Tom Ford desenha e marca dois momentos importantes no filme – devastação e superação. Momentos os quais sentimos os medos de George (Colin Firth), e somos imersos numa sensação mórbida de vazio e desesperança sob a ótica deste homem, visivelmente angustiado com a morte de seu namorado. George é um homem de meia-idade, um professor de literatura de Los Angeles, que supunha ter tudo, uma bela casa, um namorado culto e atraente, Jim (Mathew Goode), cachorros, etc, etc – estava realizado e feliz – até que, por infortúnio, se depara com um acidente de automóvel gravíssimo que mata seu companheiro.
Aos poucos parece que George, anestesiado com a dor, vai se desfazendo das coisas, e não dando importância às suas outras conquistas. Mesmo a vida prosseguindo ao seu redor, tudo diante dele parece morto, terminado e já vivido. A falta de horizonte e sentido o toma por completo levando-o a pensar até em suicídio. Eis que aparece Kenny (Nicholas Hoult), um de seus alunos, mais que interessado em escutar o que George tem a dizer sobre o mundo, as pessoas e afins – um garoto nitidamente encantado com a cultura e experiência de George, assim como Jim fora.
De primeira, George não dá valor ao garoto e prossegue com seu caminhar cabisbaixo pensando só em afogar suas mágoas com Charley (Julianne Moore) que vive um momento de separação, e se vê também, como uma quarentona sem rumo, sem sentido e sem destino. Ao revirarem ossos do passado, ambos se deparam com questões sobre si surpreendentes e, assim, acabam por tocar em fortes emoções. Num segundo momento, George permite a aproximação de Kenny e assim, surge um novo olhar e uma outra forma de ver as coisas.
Com um texto inteligente e tiradas bem-humoradas, “Direito de Amar” se torna uma espécie de ‘Sessão da Tarde’ por ser muito prazeroso e suave, mas como uma mensagem linda e profunda.
Com uma direção impecável, amortecedora e invasiva, cheia de 'closes', Tom Ford reproduz em “Direito de Amar” a solidão de um homem, a beleza e a felicidade de se ter um parceiro e a devastação que causa ao perder o mesmo. Ao final, trata a questão da superação de uma forma delicadíssima, verdadeira e vinda de um lugar onde só entende quem já se sentiu assim.
“Direito de Amar” é um filme sobre superação – não sobre aquilo que acontece em nossas vidas, mas sim, do que fazemos com as coisas que aparecem em nossas vidas.
Colin Firth numa atuação corretíssima, sem exageros e muito intenso, delicado e tocante. Dá a George o caminho das pedras para encontrar seu caminho...
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