Seu meio-irmão também é boxeador. Mais novo, e aparentemente menos talentoso, Micky (Mark Whalberg) vem tentando uma carreira, sempre com combates de menor expressão, sob tutela de sua mãe, Alice (Melissa Leo), fajuta
empresária de boxe, e com Dicky como seu "alienado" treinador.
Na realidade, Alice não aceita que Dicky tenha se tornado um junky. A família já havia ganhado muito dinheiro com a carreira do rapaz, e agora, preocupados com a situação e inconformados, jogam todos uma responsabilidade nas mãos de Micky.
Chega um momento em que Micky passa a despontar como um jeitoso boxer. Todavia, tanto sua mãe como Dicky não conseguem (ou não querem) enxergar tal talento – fazem péssimas escolhas, colocam-no em lutas equivocadas e desmerecem-no a torto direito. Somado a isso, o desmiolado Dicky passa a se meter em furadas com a polícia, chegando assim a desgastar sua relação com Micky.
O Vencedor, escrito por Scott Silver (8 Mile, The Mod Squad), narra, portanto, a história de Micky - sua batalha contra a apatia de sua família, o desequilíbrio de seu irmão, as obsessões de sua mãe; e, fundamentalmente, sua própria ascensão como homem e esportista.
O Vencedor é, portanto, e certamente, um roteiro batido, previsível e até óbvio demais. Tem como referência constante Rocky, O Lutador e não parece mostrar preocupação alguma com isso. Na realidade, até a primeira hora (que apresenta e deflagra a família dos irmãos), o filme demora a passar e assusta os espectadores – mesmo sendo uma brilhante encenação, nada acontece e o filme quase não se sustenta; além disso, a direção de David O. Russell é quase primária e equivocada.
Porém, numa reviravolta de eventos (também nada surpreendentes), a família e seus laços afetivos são postos à prova. Mesmo sendo previsível, O Vencedor tem cenas muito bem trabalhadas, que cativam e prendem a atenção. Os quarenta minutos finais, em compensação, passam voando – uma sequência de cenas fortes que abalam qualquer cristão. Assim como na história de Rocky Balboa, um clima de devoção e aliança se estabelece, deixando todos muito emocionados.
Mark Whalberg, que não é lá grande ator, parece receber uma entidade e literalmente arrebenta – esse, sim, deixa todos pasmos. Através de uma atuação segura e inteligente, Whalberg torna-se o fio condutor entre seu irmão, seu novos treinadores e sua família. Decerto, Micky só sabe uma coisa – mesmo sendo um maluco, seu irmão Dicky entende de boxe e é a única pessoa apta para transformá-lo num grande vencedor, assim como o é, inversamente - Micky é o único que, ao dar essa confiança ao irmão, poderá oferecer-lhe suporte para mudar de vida e largar o crack.
Christian Bale, como de costume, é um ator entregue. Compõe um junky na medida certa, assim como trabalha com brilhantismo a questão das frustrações do personagem. Forte candidato ao Oscar 2011 de melhor ator coadjuvante.
As atuações de Amy Adams e Melissa Leo merecem ser comentadas – boas interpretações, que auxiliam Whalberg e Bale a todo instante.
O Vencedor, mesmo concorrendo a Melhor Filme, não merece levar o prêmio. E o motivo é muito simples - como dito acima, não passa de um filme previsível.
Mas um que, ao menos, é conduzido por bons intérpretes, e tem algo que Rocky não tem: bom-humor, boas tiradas e sacações, dando um clima cômico ao cenário suburbano americano.
Scott Silver foi muito feliz ao adaptar esta história para o cinema. A história de Micky Ward -
http://www.asbaladas.com/2011/01/o-vencedor-compare-as-cenas-do-filme.html
Um filme que dialoga com milhões de famílias idênticas a essa, que passam por desafios semelhantes. Uma estória sobre superação e glória.
Parabéns!!
O título não poderia ser outro.
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