quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

"Inverno da Alma", 2011, Debra Ganik



Ree (Jenniffer Lawrence) mora num interior desolado, abandonado e quase western dos EUA. Sua família está prestes a perder a casa onde moram, pois seu pai se meteu em encrencas e está sendo processado pela justiça. Para que isso não aconteça, Ree deve provar que seu pai esta morto e, assim, isentar todos de tal sanção.

O problema reside justamente nessa missão – as pessoas que poderiam auxiliá-la à desvendar o paradeiro de seu pai transam assuntos associados a produção de drogas (leia-se: assim como seu pai no passado) e, portanto, não querem ser incomodadas. Parece que, depois que saiu da prisão, o pai de Ree passou a dar informações demais à polícia, desestabilizando os ânimos e levando todos a um profundo e misterioso silêncio sobre o assunto.

Inverno da alma, na realidade, não é sobre isso. É um filme que faz um alerta. Tem como cenário uma América pobre, esquecida e sem lei. Enquanto em NY e Los Angeles o progresso segue adiante e o uso da droga aparece como hype , a diretora Debra Ganik mostra na fita o outro lado da moeda – um povo que, para sobreviver, desprovido de assistência, e, principalmente, quilômetros a distância da riqueza que o país ostenta, cria suas próprias leis e sistemas.

Filmes que fazem recortes sobre a vida de um exclusivo personagem têm como elementos fundamentais o destrinchar de seus sentimentos e a exibição de seu marasmo ou empenho para sobreviver. Em nenhum momento o filme torna-se clichê ou moralista, e sua graça repousa justamente nisso - é a narração da árdua e infortunada história de uma menina de 17 anos que assume responsabilidades acima de qualquer suspeita. Fica como positivo o cenário remontado – uma parte pobre e esquecida dos EUA, que representa a origem da droga dos americanos. Enquanto outros filmes focam no próprio tráfico, nas máfias e, claro, nos famigerados usuários, Inverno da alma salienta o estado em que se encontram partes da sociedade, apodrecidas, esquecidas e paupérrimas. Mostra como "funciona" o alistamento militar...

É um filme tremendamente arrastado - proposta que talvez tenha surgido para dar o clima de atraso e apatia de um lugar tão desolado.

Para aliviar, a fibra e o calor de Jenniffer Lawrence iluminam e sustentam um filme que demora a passar. Em nenhum momento a jovem atriz parece perder o foco, e entrega, assim, um trabalho conciso e forte. Parece até que a mesma está realmente sofrendo junto com a personagem.

É uma jovem atriz que irá certamente estourar. Trabalha todas as nuances de forma muito segura e implosiva, traduzindo, então, as cenas em fortes momentos, emocionantes e difíceis de engolir.


Fica a dica, para aqueles curiosos, contemplativos e calmos.


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