segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

"127 Horas", 2011, Danny Boyle


Trainspotting, A praia, Extermínio e Quem quer ser um Milionário? fazem parte de uma breve e ressonante lista de filmes que um cidadão chamado Danny Boyle coleciona. Dispensam, desse modo, qualquer apresentação. É dito que cada diretor imprime uma marca ou define sempre um assunto central. Danny Boyle foge à regra.

Cada um desses filmes teve argumento, a linguagem, a montagem quanto a direção como algo muito particular e, decerto, marcou uma geração. Quem não se lembra do braço de Ewan McGregor saindo de dentro do vaso sanitário (referência à lenda de Rei Arthur); daquela sensação paradisíaca e ao mesmo tempo angustiante de Richard e seus amigos; das imagens pujantes de Quem quer ser um Milionário?

Dessa forma, e provavelmente com uma mão amarrada nas costas, Danny Boyle dirigiu 127 horas, um thriller de suspense aflitivo, algo quase desesperador, mas que, em sua simplicidade e sutilezas, arrisca passar uma mensagem muito sincera e bacana.

Ou seja, mais uma vez muda-se o cenário drasticamente, mas a mensagem permanece imponente.

Uma vez, durante uma palestra num festival, discutia-se o aumento do valor do ingresso dos cinemas. Ouvi de um cineasta que o preço do ingresso do cinema é o mesmo do Big Mac. A diferença é que depois que se come o sanduíche, bem, ele é processado e nada mais – um prazer a curto prazo. Já o filme é processado até o primeiro sintoma de Alzheimer... (Piadinha infame e pesada, mas é a pura verdade.)

Ou seja, mesmo sendo assustadoramente simples, é um filme que emite uma mensagem. Cinema é isto – o poder de deixar uma marca infinita no indivíduo...

Boyle, portanto, com a atuação franca e empática de James Franco, aborda um tema muito interessante – a força da ação de cada homem. E fala sobre como cada dia, cada escolha que um homem faz repercute no seu futuro. Como disse um certo filósofo: “Somos, e quando somos, nosso próprio devir, a responsabilidade nas próprias mãos.”

Uma mensagem simplesmente simples – mas que causa um impacto considerável.

O filme tem ainda direção e montagem ágeis e inteligentes – quando parece que se tornará maçante, o roteiro de Boyle e Simon Beaufoy apresenta algo diferente.

127 Horas é um roteiro adaptado que conta a história real do famoso alpinista Aron Ralston, que ficou preso entre rochas dentro de um cânion isolado nos EUA. Sem ninguém por perto senão sua própria consciência e uma minifilmadora, Aron passa por momentos que jamais imaginara viver. Aos poucos Aron começa a entender que aquilo não foi um acidente ou coincidência, mas sim uma consequência de seus atos.

Um filme que fala sobre coragem.

Singelo e perspicaz.

Fica a dica

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