“A suprema felicidade” conta a história de Paulo, um menino que observou desde muito cedo o casamento de seus pais desmoronar. O filme narra a trajetória desse menino e ilustra como ele aprendeu a lidar com sua mãe carente, assim como com suas amizades, uma escola católica rígida, as namoradas, as desavenças e o amor. Tudo isso guiado por um avô batuta – Marco Nanini.
Ser "crítico é ser um fiscal e um ferrenho observador. Tem como premissa básica não se abster de dizer aquilo cravado, aquilo que deve ser dito, por mais penoso que seja, com o intuito de salientar feitos e arruinar avarias, tudo sem iniquidades.
Em outras palavras, aquilo que a maioria das pessoas com bom-senso deixam de fazer.
Arnaldo Jabor, logo, é algo discutível. No que concerne a sua "afeição" pela política e os caminhos do Brasil, há quem diga que não passa de um pseudointelectual e que braveja feito um papagaio de pirata.
Outros o endeusam, e isso não é preciso explicar.
Mas quando alguém, como ele, faz um filme orçado em R$ 12 milhões de reais, e apresenta aquilo – e, vejam bem, não é feitio deste blog assacar ninguém - algo sinistro paira no ar, algo que insiste em compreender o porquê de um filme, na melhor das descrições – primário.
Na abertura do Festival do Rio, massas de nuvens negras pairaram, chocaram-se e causaram certa turbulência para os espectadores a bordo do voo A suprema felicidade.
La Dolce Vita, de Fellini, é um filme melancólico, mesmo estando sob o gênero "comédia. Lida com vidas vazias e uma sensação de futilidade e frivolidades. Mastroianni viveu um homem que não via naquela vida, naquele tempo, um palco amistoso: via, pelo contrário - um lugar amoral - tudo muito vago, devoluto e sem perspectiva - Onde o valor era estabelecido pelo puro entretenimento; via a insatisfação e a alienação.
Já Amarcord é um filme que traz recordações – que procura dar um olhar sobre a política, a religião e a educação de uma época –, imagens soltas, que não se preocupam com o sentido entre si, mas que são nitidamente algo particular da vida do próprio Fellini.
A suprema felicidade "brinca" e almeja brincar com esse lado "Fellinesco". Coisa dita pelo próprio Jabor.
Há, de fato, alguma relação – alguma!
O menino Paulo (Jayme Matarazzo) apresenta certa insatisfação e uma angústia perante a vida comum a qualquer adolescente. Assim como, um retrato de um Rio de Janeiro diferente, antigo e "ingênuo" também é apresentado – época em que Jabor era jovem – a qual aparece claramente e é exibida com bom humor, graças ao ator João Miguel, fazendo do filme, uma sessão nostálgica até que gostosinha. Vemos, portanto, imagens daquele tempo.
Fica nítido que Jabor se preocupou em juntar, ao longo de sua vida, trechos de momentos especiais para algum dia depositar num filme. A suprema felicidade, portanto, são pequenas partículas de suas memórias – um filme sustentado em lembranças, "casos" e piadas que permearam a vida do diretor por volta de 1950.
Che è ! Alguns elementos realmente levam a crer que Jabor retirou "tanta" inspiração do diretor italiano.
Mas, por mais graciosos e nostálgicos que sejam, não sustentam o filme, nem por 1h quanto menos por 2h.
São apenas memórias.
Numa das entrevistas que deu, Jabor ainda soltou a seguinte pérola –
"A Suprema felicidade, é um filme de ator!”
Infelizmente, nota-se que ficar 25 anos sem filmar acaba lesionando certas partes do cérebro.
Os atores Dan Stulbach e Mariana Lima são bons intérpretes. Porém, neste filme, mostram-se extremamente teatrais, em cenas pobres e mal dirigidas. Nem eles conseguiram salvar um texto que beira a vergonha. Cenas sofríveis - agonia de ver. Elke Maravilha passeia pelo filme como uma modelo pela passarela. Jayme Matarazzo não é mau ator - mas também não "acontece".
A cena final - Nanini em tamanho gigante "dançando" sobre a Baía de Guanabara é para mor-rer.
Enfim, um filme que procurou ser uma coisa, mas que passou longe de sê-la. Que coisa é essa? Não sei. Ninguém sabe.
Longo, mal escrito, mal dirigido, caricato, antiquado e sem argumento.
Dizer que é uma homenagem a Fellini, é como não dar mérito a ambos La Dolce Vita e Amarcord que, no fundo, nada têm a ver com A suprema felicidade.
A Suprema Felicidade, é ultrapassado e scialbo. Como linguagem, direção e conteúdo. Coisa que os filmes de Fellini não são, needless to say.
Não é à toa que Jabor disse que "penou" para voltar a dirigir.
Vamos esperar o segundo.
A dica não fica DE JEITO NENHUM.
O que foi a crônica onanista do Arnaldo Jabor de hoje em O Globo?
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