"Calígula" é uma peça que considera sua crueldade, extravagância e perversidade sexual, apresentando-o como um tirano demente, mas concentra a narrativa nos seus feitos, na sua 'popularidade' e na consciência que tinha de si e do poder em suas mãos - algo que 'se perdeu', de vez, após a morte de sua irmã e amante, Drusila.
Gabriel Vilela comanda um elenco que não só compreende isso com rigor como fornece (especialmente Claudio Fontana) um espaço para Thiago Lacerda se expor e elaborar o tema.
Uma peça feita com a ideia de trabalhar o conteúdo - fugindo, então, do óbvio. A direção optou por não mostrar/banalizar a questão sexual, tão marcante na vida de Calígula. Algo que se apresentou como uma licença poética cabível e sensata.
(A não ser para aquelas pessoas que nunca ouviram falar em Calígula - o que sugere, talvez, uma lacuna em aberto.)
Mesmo assim, Gabriel Vilela com o cenógrafo JC Serroni, escolheu montar um palco nada barroco, mas sóbrio e contemporâneo - as cenas são passadas numa espécie de praça ou pátio, onde o fundamental são as relações e o texto. Assim foi escolhido o figurino - roupas que parecem trapos e panos emaranhados em calças modernas, zíperes e botões -, tudo muito moderno e conciso.
No que concerne às atuações, "Caligula" apresenta momentos frágeis em que alguns atores se mostram rendidos por um texto de difícil execução. Mas nada atrapalha a jornada do protagonista. Thiago Lacerda está solto, livre e audaz. Faz daquelas palavras árduas um passeio, uma espécie de libelo, com o qual tenta, como Calígula, provar à plateia sua competência e raciocinio dentro da loucura que é ser imperador, líder do maior império que o mundo já viu. Thiago Lacerda se esbaldou.
Tem, ali, uma nítida homenagem ao caos oferecido e escancarado pelo Coringa de Heath Ledger em "Batman - O Caveleiro das Trevas", de Christopher Nolan. Segundo Thiago: "Caligula é um personagem metade gente, metade divino, em meio a um surto psicótico".
Thiago comemora seus 10 anos de carreira mostrando-se um ator ousado e com disponibilidade invejável. Tem um belo caminho pela frente.
"Caligula" certamente é uma forma atual de montar um 'clássico'. Vale a pena conferir as propostas de Gabriel Vilela e a atuação firme, árdua, excessiva e desvairada de Thiago Lacerda.
A 'entrada' de Edith Piaf fecha a peça com chave de ouro. Só vendo para entender.
Calígula foi isto: Um homem, que, assim como Tibério, 'recebeu' a 'pobre' incumbência de ser imperador; de ter nas mãos a vida de todo e qualquer homem. Como muito bem considerado pelo próprio Calígula:
FICA DICA.
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Como informação, vale a pena dar uma olhada.
[Para rir]
http://www.mtime.com/movie/94069/trailer/21141.html
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