terça-feira, 5 de outubro de 2010

"Rio Sex Comedy", 2010, Jonathan Nossiter


"Rio sex comedy" narra três histórias ambientadas no Rio de Janeiro.
Histórias desconexas mas que eventualmente se cruzam - desnecessariamente.


Charlotte (Charlotte Rampling) é gringa e cirurgiã especializada em operações relativas a mudança de sexo. Foi ao Rio com o intuito de 'ajudar' os menos favorecidos, oferecendo tal operação gratuitamente, imbuída por um sentimento de 'justiça social'. Entre uma e outra situação, desilusões e surpresas, Charlotte se depara com um Rio de Janeiro charmoso, convidativo e sensual. E passa a se preocupar com outras coisas...

William (Bill Pullman), embaixador americano, foi contactado para resolver uma situação diplomática e social no Rio de Janeiro. Ao chegar, depara-se com a sensação de que sua presença é inútil e sem fundamento - nem ele acredita numa solução para tal 'missão'. William, então, arranja um jeito de fugir - literalmente se enfia pela ruelas do Vidigal e desaparece. Tal fato gera na mídia o boato de que teria sido sequestrado por traficantes, claro...

E há Irène (Irène Jacob), uma socióloga vindo à cidade para pesquisar as relações entre patrões e empregados... (Dá para imaginar o que acontece, não?)

Charlotte e William acabam por conhecer outros gringos 'refugiados' no Rio, além de personagens carismáticos e típicos do Rio e do Brasil. Algo ao mesmo tempo divertido, carnavalesco e surreal.
Há de fato no roteiro alguma questão existencial bem colocada e discutida, assim como um retrato do Rio sob uma perspectiva internacional. Algo que incomoda e provoca um olhar diferente sobre as coisas à nossa volta.

Porém, como filme, não fica muito claro a intenção de Jonathan Nossiter com seu novo filme "Rio sex comedy".

Através de um texto atrevido e chistoso, o filme salienta particularidades da 'cultura' brasileira dentre elas o estado lastimável das favelas e a 'falta' de interesse do governo em ordenar tal caos. Tem como boa sacada a família indígena trazida para o morro, para servir como uma espécie de Simba Safári, um 'novo' ponto turístico que 'malandros cariocas' pretendem descolar.

Por outro lado, banaliza o tema do transexualismo, misturando-o a questões estéticas como plásticas e outras intervenções - há até participação de Ivo Pitanguy na fita.

Um filme que passeia pelo gênero comédia romântica' e com carinha de novela - um daqueles roteiros pretensiosos que gostam de abraçar 1.001 ideias e 'morrem na praia' por falta de síntese, base e boa amarração.

Por fim, no que concerne às atuações - as mais toscas, principalmente no que respeita ao elenco brasileiro.

Enfim, mais um samba do crioulo doido operado por um gringo maluco.


A dica não fica.

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