terça-feira, 24 de maio de 2011

"Sem Limites", 2011, Neil Burger



O que aconteceria a um homem comum se ele pudesse se apoderar de uma droga que estimulasse o funcionamento do cérebro? Um efeito que ampliasse drasticamente as funções ligadas a memória, raciocínio, tomada de decisão e aprendizagem...?


Eddie Morra (Bradley Cooper) busca um lugar ao sol em Nova Iorque como escritor. Após inumeros revezes e sem conseguir implacar um único sucesso, Eddie, se depara com uma proposta indecente – seu ex-cunhado aparece tendo consigo uma espécie de medicamento, chamada NRV, que tem como efeito principal potencializar as faculdades mentais. Um acelerador neural que garante um ‘boost’ significativo ao cérebro humano tornando, assim, qualquer um num gênio em menos de 1 minuto.

Muito tentador...

Um detalhe: Seu cunhado é mais tarde encontrado morto, seu apartamento revirado e as pílulas bem escondidas dentro de um forno. Mesmo fedendo a mutreta da pesada Eddie Morra resolve se apropriar, needless to say, indevidamente das pílulas mágicas.

Ignorando tal fato umbrático, Eddie segue em frente e se transforma num ás – torna um livro medíocre que escrevera num best-seller e passa a usar a droga com a finalidade de acertar algumas pontas-soltas até então irresolúveis. O NRV não só permite que ele aprenda línguas fluentemente em 2 dias, como torna cálculos financeiros dos mais cabeludos um passeio no parque.

E é aí, justamente, que o roteiro engata. Eddie resolve “fazer” muito dinheiro e, para isso, passa a investir na bolsa e a realizar transações das mais diversas e as mais lucrativas. Tal feito chama atenção de certas pessoas o que lhe garante um emprego numa grande investidora. Tudo entra nos eixos – Eddie está rico, sua ex, agora de novo em seus braços, está de quatro por ele, e seu chefe está maravilhado com seu desempenho.

Porém, Eddie não se preocupou com 3 coisas muito importantes – Onde arranjar mais comprimidos, por que seu cunhado foi assassinado e quais os efeitos colaterais deste ‘elixir’.

Chega um momento em que Eddie passa a ficar abstinente da droga tanto sob aspecto físico como psicológico. Eddie tornou seu raciocínio dependente e percebeu que seus insights sensacionais são fruto exclusivo do NRV. Logo, sua audácia deixa-o na mão e medidas desesperadas passam a a tomar conta da vida de um homem que outrora vagava sem rumo pelas ruas de NYC.

De cara, Sem Limite, é uma metáfora exemplar sobre o abuso de drogas. Sejam elas lícitas ou ilícitas. Todo e qualquer homem tem sua fraqueza e as drogas em geral aparecem sempre como algo libertador e encorajador. Adições são extremamente pertinentes para alguns estilos de vida e se encaixam tão bem em alguns modelos que a dissociação se torna futuramente improvável e impossível.

No caso de Eddie Morra, toda sua vida estava dependendo daquela droga. Sem ela sua existência cessaria. E de certo modo, seja com cigarro, rivotril, viagra, prozac, cocaína, ecstasy ou álcool, todo homem tem em parte algum vínculo a alguma droga dessa.

Existem sempre dois caminhos, e o mais curto é sempre mais atraente. Não se pensa a longo-prazo diante do desespero e do sucesso iminente.

Sem limites filme de Neil Burger (O Ilusionista) se trata de um thriller psicólogico inusitado.

O NGT, assim como drogas conhecidas, reconfiguram o cérebro do usuário, causando danos irreversíveis e uma fissura pela mesma abissal. Ponto para o filme que dá uma lição das boas para aqueles mais incautos.

A direção também é algo que merece distinção: Neil Burger trabalha a posição de câmera, as lentes e a fotografia dando a este filme de ação um caráter especial – algo que faz com que espectador embarque na loucura de Eddie Morra.

No que concerne perseguições e tiros – são costumeiras e nada de novo aparece. Neil tira nota para passar e fornece boas cenas de ação – com ritmo, boa edição e tensão em doses corretas. Tudo muito correto e ordinário...

Assim como a participação de Robert de Niro – maneirinha mas comum.

Um filme que dialoga com exageros, ganancia e abusos.

Nada magnífico, mas que vale pela mensagem e pelo entretenimento.


Fica dica.

Nenhum comentário:

Postar um comentário