terça-feira, 31 de maio de 2011

"Agentes do Destino", 2011, George Nolfi


Philip K. Dick foi sem dúvida um ícone da ficção científica. Além de uma vasta obra literária, seus descendentes podem dizer que Philip deixou um legado mais que arrebatador, espantoso e convincente no que concerne uma visão do futuro. Algumas delas, por assim dizer, foram adaptadas para o cinema - o leitor pode a partir das seguintes obras tirar suas próprias conclusões - Blade Runner, O Vingador do Futuro, Minority Report e O Pagamento são algumas delas.

Contudo, algumas adaptações nem sempre conseguem convencer plateias. Seja pela inabilidade em trasladar as minucias de um obra literária para aqueles 120 minutos corridos de um filme ou, como no caso do filme em questão, pela proposta de transformar um conto em algo maior usufruindo de ideias fantasticamente mirabolantes... (sim, cabe o pleonasmo).

Temos, então, Agentes do destino. David Norris (Matt Damon) é um jovem aspirante a senador pelo estado de NY. Conhece, no dia que perde a eleição, a encantadora bailarina Elise (Emily Blunt). Daquele dia em diante sua vida muda. Ele que fora um homem totalmente focado em trabalho e em sua carreira promissora, agora passa a vislumbrar como seria uma vida a dois – cai, portanto, de amores pela tal dançarina. Porem, alguém “lá de cima” não concorda com esse destino ordinário para o rapaz e, assim, lança mão de um esquadrão de agentes (feito anjos) que devem fazer de tudo para que os dois não se encontrem. Parece que David ao se casar com Elise irá focar na família e desperdiçar seu talento para a politica – o que num plano maior seria horrível para o governo dos eua e o futuro da nação, já que David é o único político com um potencial revolucionário.

David fará de tudo um pouco para encontrar Elise nem que seja preciso enfrentar “aquele que tudo vê”.

A principio uma ideia irreverente...

Faltou apenas menos complicação – por mais confusa que pareça essa afirmação. Toda realidade tem seu conjunto de regras, as quais existem justamente para dar sentido a mesma. Logo, quando se trata de um filme que deseja transpor ser humano com anjo, tuneis dimensionais que servem como passagem e assim por diante, a credibilidade cai num terreno perigoso – filme para adultos ou para crianças? Afinal, ingenuidade existe para isso, diga qualquer coisa para uma criança com propriedade e a “verdade” se estabelece. “Agentes do destino” explica mal a função desses agentes, o que eles podem ou não fazer, de onde vieram, quem está no comando and so on...

Chega uma hora onde o espectador desiste de entender a história. O que causa tremenda frustração já que “ficção científica” feita com excelência é aquela que ao terminar, você pensa – “Sen-sa-cio-nal...!!” - Exatamente como é a experiência com aqueles filmes citados acima.

Adaptado do conto, “Adjustment team”, onde Philip K Dick ensejou uma discussão sobre o livre-arbítrio, o filme “Agentes do destino” nada tem a agregar ou surpreender. Valem apenas as participações de três ótimos atores – Matt Damon, Emily Blunt e Terrance Stamp que seguram a onda e não deixam o filme escorrer pelo ralo.

Há, ao menos, uma mensagem interessante mas que pode ser extraída de outros lugares... Certo Lady Gaga...?

A dica não fica.

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