A qualidade incontestável do musical “Gypsy” nos palcos cariocas fez surgir um certo ‘respeito’ pelos musicais brasileiros.
Respeito {dicionário} -
1. Dar provas de respeito. = honrar, venerar -
Desta forma, aspas explicadas - não exageremos.
Isto posto, há em “Oui, Oui... A França é aqui” um seleto grupo de atores responsáveis por esta novidade – Eles sabem o que estão fazendo – ou melhor, gostam do que estão fazendo. Estes adoráveis atores dão, então, ao Rio, o que há de mais sensato e gracioso no que concerne este universo cantante.
Logicamente, isto já um motivo para respirar aliviado e relaxar ao se sentar para assistir a peça dirigida por João Fonseca. Com o lay-out de teatro de revista, gênero marcadamente pop, com leve críticas sociais e políticas, a peça traz números musicais e esquetes cômicos que retratam a influencia da cultura francesa na sociedade carioca. Acontece ali, em 2 atos, uma grande brincadeira teatral que procura de maneira ‘wikipediana’ fornecer informações, dados e curiosidades a respeito da cidade-maravilhosa, o samba, seu teatro municipal e, enfim, toda sua ligação com a França, como por exemplo o generoso nome de “Cidade Maravilhosa”.
Os atores Gottsha, Ester Elias, Solange Badim, André Dias, Cristiano Gualda e Gustavo Gasparani, são todos atores dotados de uma disponibilidade e presença marcantes, e dispensam quaisquer outros comentários depois da descrição acima - além de carismáticos, possuem vozes deliciosas e cantam com categoria.
Tudo conspira para dar certo – bom humor dos atores, boas piadas, números interessantes, outros surpreendentes, tudo num clima bem carioca, descontraído e divertido.
Porém, – elogios à parte – “Oui, Oui(...)” se trata de uma peça longa, e uma que, talvez, vá justamente se tornando visivelmente cansativa por não ter um roteiro consistente e que simplesmente se baseia em piadinhas e curiosidades. Depois de um tempo, as piadas e esquetes, saborosas no início, param de ter graça e a peça se torna, segundo um vizinho, uma “coisa parecida com a praça é nossa”.
A ‘cara’ de teatro de revista em si também é algo que cansa. Há entre os atores 2 ou 3 que NÃO tem o‘timing’ e humor afiado NECESSÁRIOS para tal - definitivamente não tem o menor talento para o humor – fazendo com que a peça perca em ritmo e graça, claro. Algo que um teatro de revista não pode pensar em perder.
A idéia é boa, mas a operação nem tanto. Talvez uma enxugadinha...
Enfim, ao final, torna-se um grande “samba do crioulo doido” – [o que pode ter sido a intenção].
Ou clara e forte abstinência de Haldol por parte dos atores.
A dica não fica.
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