"Liberdade é uma possibilidade de ser melhor, enquanto que escravidão é a certeza de ser pior." Albert Camus
Em maio de 1968 o jovem estudante americano, Matthew (Michel Blois), mora em Paris para estudar francês e conhece Isabelle (Lisa Fávero) e seu irmão gêmeo Theo (Patrick Sampaio). Os três têm algo em comum - uma paixão pelo cinema. Aos poucos eles criam uma intimidade que se torna, aparentemente, uma grande amizade, mas que é permeada por desejos, curiosidades, carinhos e personagens. Em meio ao caos que se instala em Paris, os três jovens intelectuais, se vêem mais preocupados em descobrir que sentimentos são esses, inquietos com a descoberta de uma sexualidade incipiente e que aflora com vigor e limites – limites estes que eles estão dispostos a ultrapassar em prol de um êxtase que nem sabem direito o que é.
“The Holy Innocents”(1988) obra literária de G.Adair traz à tona a revolução de 68 na França - Uma manifestação a favor da Liberdade, a favor do conhecimento e a favor de um possível livre-arbítrio – a moral e a ética em questão – um movimento e uma ideologia. Ao mesmo tempo explora a capacidade que o homem tem de se alienar. Fala sobre a descoberta dos sentidos e da razão. Coloca nas mãos das pessoas a responsabilidade por um ideal, por justiça e liberdade. Uma obra delicada e sutil.
Bertolucci em 2003, com “Os Sonhadores” foi capaz de dar cor e forma a esta história. Um filme provocador, lúdico e contestador. Talvez, um de seus melhores filmes.
A peça, "Os Inocentes", adaptada por Rodrigo Nogueira e Julia Spadaccini, é uma versão “pocket” do romance de Gilbert Adair. Se trata de uma versão mais introspectiva, fechada naquele apartamento, que invade a intimidade daqueles irmãos, e que cerca Matthew, o 3º elemento. Esta configuração permitiu aos atores em cena explorarem bastante esta relação tão especial e diferente – um universo pueril e exaltado – a descoberta do mundo e da sexualidade.
Há ali momentos preciosos e escolhidos com esmero e sabedoria. Uma síntese bem explorada e com certa visceralidade.
Como contar esta história no teatro?
O diretor, Cesar Augusto, conseguiu extrair dos atores uma atuação implosiva e impactante e, ainda por cima, recheada de boas tiradas e humor.
Conhecendo a história, um gostinho de ‘quero mais’ paira no ar, como se faltasse algo, como se precisasse de algo arrebatador. {ainda mais tendo o filme de Bertolucci na cabeça, não tem jeito}
Todavia, são três jovens atores muito bem preparados e um texto bem escrito.
Uma peça simpática, enxuta e graciosa.
Fica a dica.
Nenhum comentário:
Postar um comentário