“O palácio de neve”, em cartaz no Instituto do ator na Lapa, estabelece ao lado de um outro grupo carioca, a Cia dos atores, uma forma de se fazer teatro contemporâneo de maneira irreverente - Algo que só poder ser bem visto em tempos de monólogos, musicais e comédias besteirol.
Celina Sodré reuniu 6 atores interessados e compenetrados que buscam, acima de tudo, contar a história adaptada do livro de Orhan Pamuk, romancista turco, autor da obra literária Neve. Pamuk é conhecido por escrever romances onde procura retratar o choque e o cruzamento de culturas e tem como luta defender direitos dos curdos na Turquia. Pamuk foi galardoado em 2006 com o Nobel de literatura.
Um poeta chamado Ka retorna à sua terra natal, a Turquia, para o enterro de sua mãe. Ele resolve, então, investigar uma série de suicídios de jovens mulheres, numa pequena aldeia chamada Kars [neve em turco]. Há uma tempestade de neve na cidade e Ka se vê preso e isolado num ambiente onde surgem diversos episódios entre eles uma paixão e até um golpe político.
A quebra da 4ª parede, um narrador que atravessa o 'mise-en-scene', um palco de arena e introspectivo onde a platéia fica à 1 metro dos atores são alguns dos elementos utilizados pelo grupo que, de forma graciosa e elegante, sem rompantes e gritos, apresenta a delicada história de Ka.
Raphael Andrade interpreta Ka.
De cara, a primeira pergunta que se faz é – Mas este menino tem idade para tal papel? Não. E esteticamente, tem as possíveis feições de Ka? Também não.
Mas, então, por que cargas d´água deram tal missão para o rapaz?
Uma peça com singelas, prudentes e mesuradas interpretações.
Um incipiente grupo de atores adoráveis.
Fica a dica.
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