Originalmente planejado como um joguete político, o casamento entre Rainha Vitória (Emily Blunt) e o Principe Albert da Bélgica (Rupert Friend) é o tema do filme “Rainha Vitória”, uma ‘linda’ história de amor permeada pela imaturidade de umas das mais apagadas Rainhas da Inglaterra. Um filme opulento que faz Rainha Vitória brilhar mais do que brilhou.
Conhecido por “C.R.A.Z.Y”, um filme para lá de contemporâneo em todos os aspectos, Jean-Marc Vallée embarca numa outra viagem, uma outra forma de fazer cinema e leva às platéias “Rainha Vitória – os primeiros dias como rainha da Inglaterra". Seguindo passos costumeiros de nossa época atual onde um subgênero é criado – A vida de personalidades antes de se tornarem grandiosos – assim como “Diário de motocicleta” de Waltinho, “Coco antes de Chanel” de Anne Fontaine, entre outros, Jean-Marc traz um roteiro de Julian Fellows (mesmo de “Assassinato em Gosford park” de R. Altman, Oscar de melhor roteiro original) onde o gênero época esbarra no gênero histórico e assim ‘bate na trave' nos quesitos entendimento, estilo e narrativa. Romance ou política? É confuso.
É sabido historicamente que a época em que viveu Rainha Vitória, foi uma permeada principalmente pela hipocrisia. Via-se um mundo palaciano ostensivo, rico e poderoso e um povo largado, um povo que começa a, através de um parlamento ligado a monarquia, colocar suas mangas de fora, e assim interferir nos mandos e desmandos da rainha.
O roteiro de Fellows, tangencia essa temática, mas ‘prefere’ direcionar o filme com uma pauta mais individualista, uma 'intra-muros' palacianos e procura não dar muita importância a esse fato. Fellows o faz romantizando a historia de Vitória, seu casamento e sobre como conseguiu junto ao seu marido Príncipe Albert, ‘dar’ e ‘fazer’ por seu povo.
A sensação que fica é uma: faça o povo o que fizer, ‘nós’ aqui desta família real, sempre estaremos aqui, imbatíveis, indefectíveis e reinando - Sempre com o interesse externo...!
Um filme sobre o amor entre uma rainha e seu marido e sobre a dificuldade de se ter essa "esposa-rainha".
Não há transformação, se trata de um filme flat, mas que Jean-Marc, ao menos, convence com uma direção clássica correta, com planos parados e longos e um trabalho com a fotografia interessante. Um forte diretor em ascensão que soube conduzir uma história ‘clássica’, provando sua versatilidade.
A idéia que fica é uma: se trata de uma ‘brincadeira’ sobre princesas e príncipes –
Meninas ao redor do mundo todo sonham com uma vida de princesa e a dupla Fellows/Jean-Marc Valée resolvem montar a historia de uma que já nasceu princesa e que se prepara para encarar uma vida ‘dura’ de líder. Scorcese, o produtor, incentivou esse filme pois acredita ser uma das poucas rainhas inglesas que não recebeu um enfoque cinematográfico. Porém, foi um que, como nos contos de fada, a princesa se casa e vive feliz para sempre, o que não é novidade, mas que peca justamente por mostrar uma demasiada falsa austeridade.
A exclente atriz Emily Blunt, atriz também em ascensão, executa o papel impecavelmente, mesmo sendo bonita e sensual demais para tal.
Há, sim, uma trilha ‘emocional’, onde Jean-Marc Valle pontua cada personagem com uma musica especifica, cada momento dramático com uma intervenção sonora, dando, portanto, um aspecto clichê exagerado.
Não é nem um filme baseado em fatos, nem um filme romântico incrível e muito menos um retrato ficcional de uma época, pois se delimitou a ser intra-muros e de caráter pouco investigativo e explorador.
A dica não fica.
PS: a não ser para aqueles que AMAM histórias da realeza britânica. Mesmo aquelas forçadas demais...
Como assim uma das rainhas mais apagadas da Inglaterra, rapaz? Ela foi tão importante, o período do seu reinado foi tão decisivo para a história da Inglaterra, que se transformou até em adjetivo. É possível identificar claramente móveis, roupas, arquitetura, costumes e hábitos da Era Vitoriana.
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