domingo, 13 de junho de 2010

"Ilha do medo", 2010, Martin Scorcese


Com Scorcese é assim: filme novo = alvoroço geral.

Esse é a premissa vinculada ao diretor de “Os bons companheiros”, “A época da inocência” e “Cabo do Medo” filmes que trazem como foco principal personagens à margem da sociedade, ou que se vêem tolidos e expulsos dela e assim agem de maneira ilícita, perigosa e bizarra.

Em “A ilha do medo”, é a política manicomial e o tratamento dado às pessoas tidas como ‘loucas’ seu enfoque. Uma discussão ampla e que exige um olhar atento e reflexivo à como se configura e estabelece patologias mentais, sobre reais periculosidades e sobre os critérios que julgam quais transtornos devem ser mantidos isolados da sociedade. Filmes como “Bicho de sete cabeças’ de Laiz Bodansky e “Laranja Mecânica" de Kubrick, e “Ensaio sobre a cegueira” de Meirelles fazem parte do mesmo universo e permitem juntos um olhar desafiador sobre o tema. No que concerne sua filmografia, Scorcese, resolveu abordar um tema, sem o viés dramático, mas utilizando de suas capacidades de montar um thriller de suspense-psicológico, bem ao estilo Hitchcock. E o faz bem, como esperado. Deixa de lado a violência física, e volta-se para a violência ‘mental’ e um suspense metódico.

Teddy Daniels (Leonardo di Caprio) é um agente federal que recebe uma denuncia de fuga de uma presa da penitenciária/manicômio 'Shutter Island' - ela é perigosa e está solta pela ilha. Ele é chamado, então, junto ao seu parceiro para investigar e em meio ao caos começa a notar que na ilha existem mais mistérios que sua vã filosofia poderia conceber, e assim, parte em rumo de desvendar segredos maiores que sua alçada permite. Daniels se depara com coincidências e histórias ligadas à seus dramas particulares.

Scorcese utiliza como pano de fundo o enredo em si, e discute justamente o tema da loucura – Quem é louco? Como se vê um louco? E, afinal de contas, a loucura está em si ou nos olhos de quem a vê? E por fim, sob qual circunstancias o ato é tido como uma 'loucura'?

Um filme ‘aparentemente’ surpreendente, mas que passeia pela seara dos filmes de trantornos mentais graves, e assim sendo, repete um pouco desfechos já vitoriosos na história do cinema -

Vestida para matar”, “Psicose”, “Uma mente brilhante” e “As duas faces de um crime”.

Filme OK, bem dirigido, bem 'feitinho' mas que pode ser aguardado calmamente nas locadoras.


A dica não fica.

Um comentário:

  1. Temos opiniões complementares sobre o filme... A minha está em: http://mendelski.blogspot.com/2010/03/ilha-do-medo-filme.html

    ResponderExcluir