Intrigado, Paul faz uma visita ao Dr Fleinstein (David Strathairn), médico responsável pela empresa, e, assim, decide experimentar o procedimento – Extrair sua própria alma, durante 2 semanas, para tentar aproveitar, viver, consumar e incorporar seu personagem no teatro, sem que ‘ele mesmo’ interfira no processo, se livrando de tal 'sofrimento'. Depois de algumas reações, digamos, relevantes, Paul decide fazer uma segunda visita ao Dr Fleinstein, e para sua surpresa e desolação, sua alma foi extraviada – uma funcionária da empresa ‘pegou emprestada’ e a levou à Rússia, onde também ocorre o procedimento, mas no mercado negro. Paul sai, portanto, desesperado à procura de sua alma.
Sophie Barthes entrega, portanto, um filme que explora alguns temas polêmicos – mercado negro / tráfico de orgãos, o duro processo da ‘criação do personagem’, a relação mente/cérebro, qual a função/relevância da alma humana e a maneira como o homem resolve suas angustias, anseios e temores. Tudo muito sutil, amarrado à uma narrativa tão absurda quanto a idéia de uma empresa que vende, aluga e compra almas.
Talvez seja a melhor maneira de se discutir temas tão amplos – causa-se um primeiro estranhamento - mas não cansa, não se coloca numa posição de dono da verdade e apenas arrisca palpites inócuos. É através de um texto até criativo e com frases de efeito com duplo sentido que o espectador do cinema saiu sorrindo e matutando à respeito. Paul Giamatti é responsável por grande parte deste feito, já que vive um homem seriamente preocupado com questões existenciais – através de uma interpretação delicada e de pequenas proporções Giamatti atinge o ‘x’ da questão de maneira implosiva.
Pelo contrário - Sophie Barthes, nada mais é, talvez, que uma grande fã.
Ter idéias é algo legítimo, e não se discute. Mesmo aquelas semelhantes, afinal, o que seria da Coca-Cola sem a Pepsi, do Mc Donalds sem o Bob’s e as Havaianas sem as genéricas? Ou até melhor colocado assim – O que seria de James Brown e Fred Astaire sem Michael Jackson?
Plagiar é sério e errado. ‘Roubar’ conceitos e idéias para gerar uma nova, mesmo a mais absurda, talvez, nem tanto. No momento em que se propõe a ser uma obra, aparentemente despretensiosa, suave e sutil, “Almas à venda” se transforma num filme leve que procura através da jornada de Paul Giamatti, elucubrar de maneira simpática, simples e quase explicativa o significado da alma humana, sua utilidade e sua essência em si, tão simples quanto um grão-de-bico. Jogue a primeira pedra quem não tentou estudar filosofia e desistiu em 30 minutos. Não é para todo mundo.
E para não sentir as dores e angústias?
Sophie Barthes responde -
"You were talking about Alphaville and how it’s set in the present day, but different. Would you say that Cold Souls takes place in the future, or is it more kind of an alternate reality of now?
(Voce diria que "Almas à venda" se passa no futuro ou numa realidade alternativa?)
I think it’s completely an alternate reality of now. I think if the procedure was available, and I read it in the “New Yorker” I would believe it. It’s the next Prozac. [laughs]"
-> Eu creio que seja uma completa realidade alternativa do AGORA. Acho que se este procedimento estivesse disponível, e eu lesse uma nota no jornal à respeito, eu engoliria. É o próximo Prozac (rs).
Fica a dica.
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