A história de Chico Xavier é surpreendente.
Indiferente se o homem foi uma farsa ou não, papo desagradável que surge sempre, não cabe ao longa-metragem discutir esse fato. Chico Xavier foi um homem de fibra – agüentou sua infância dolorosa e intimidadora, superou a igreja que questionava seu ‘ser’ e suas idéias e se tornou um homem inigualável, altruísta, decente e bom.
Desta maneira, nada mais justo, que homenagear um homem com um filme. E um tão belo quanto o de Daniel Filho. Um que, tecnicamente, peca pela ‘cara’ televisiva e alguns momentos romanceados e clichês com trilhas emotivas e algumas atuações forçadas. Um filme que poderia ser mais pueril, mais fresco traz consigo uma espécie de ranso devido à quantidade de atores ‘globais’ – cada um fazendo da sua cena “a cena” e perdendo um pouco um olhar sobre o todo.
Mesmo assim, como dito acima, não deixa de ser um bonito filme. O roteiro bem amarrado que gira em torno de sua trajetória e um programa de TV é 'ok' e fornece uma invasão interessante sobre o crescimento, amadurecimento e o "quem foi" sobre Chico Xavier. Tanto é verdade que ao final do filme, durante os créditos finais, Daniel Filho coloca trechos em que o próprio aparece e ninguem se retirou da sala de cinema do Leblon 1. Todo mundo ficou ali, revendo Chico, escutando, prestando atenção, comparando ele à Nelson Xavier - Daniel Filho conseguiu deixar todos interessados e atentos! Há quem diga que até interessado em ler sobre espiritismo.
Um roteiro pontual – mostra Chico Xavier em três momentos de vida – criança (Matheus Costa), adulto (Ângelo Antônio) e já senhor, (Nelson Xavier). Todos os três atores com um trabalho excelente! Saliento ainda o trabalho de Ângelo Antonio
– um ator seguro, com intimidade com a câmera e que conseguiu atribuir ao seu “Chico” requintes, minúcias e detalhes idênticas ao verdadeiro – Parabéns!
O filme ainda conta com a tocante história sobre o rapaz que foi absolvido de seus crimes devido a uma carta psicografada por Chico Xavier. Tony Ramos é Orlando, um diretor de TV cético e que não acredita em Chico Xavier. Porém, após receber uma carta do mesmo, tudo muda de figura...
Um filme que poderia ser contado com 30 minutos a menos mas que conta a história 'direitinho'.
Depois de ser responsável pelos voluptuosos resultados de "Se eu fosse você", filme sem grande personalidade, mas engraçadíssimo, agora vem, representando a Retomada com imponência – recorde de bilheteria do cinema nacional com este - Daniel Filho 'parece' procurar alçar vôos diferentes - menos caricatos, menos ‘POP’, mais trabalhado e com cara de cinema.
Fica a dica, para seguidores de Chico e o Espiritismo.
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