terça-feira, 17 de agosto de 2010

"Mary n Max", Adam Elliot, 2010


Mary Daisy Dinkle (Toni Collette) é uma menininha australiana de 8 anos de idade. É muito, mas muito curiosa.

Max Jerry Horowitz (Philip Seymour-Hoffman) é um nova iorquino de meia-idade - obeso, velho, cansado e cheio de manias. Nada curioso...

Mary tem uma mancha (de nascença) na testa, porta óculos ‘fundo de garrafa’ e, na escola, acham-na esquisitinha. Tem como hobby assistir ao seu desenho animado favorito. Max mora sozinho, passou a vida vendo televisão, come tortas e mais tortas, e é o legítimo ‘come-dorme’, espécie não rara do último século. Os dois tem 2 coisas em comum – uma qualidade única de serem bem diferentes, com seus defeitos, imperfeições, fraquezas e sombras.

E a, fatal, posição de excluídos, marginalizados e solitários.

Pelo menos é assim que se sentem.

Eis que uma dia, Mary, tomada pela sua abelhudice e curiosidade descobre o endereço de Max numa página qualquer de uma lista telefônica. Impregnada por um marasmo descomunal resolve, então, mandar uma cartinha para Max, aventurando-se na condição de ‘Pen-friend’ – atividade e relação estabelicida entre 2 pessoas que se escrevem regularmente via carta - outra daquelas coisas do ultimo século...

Max recebe tal novidade primeiramente com certo espanto. Mas, em seguida, de tão amáveis e fagueiras, as cartas são vistas como um novo universo que se abre – tanto Mary como Max aspiram por um amigo, um grande amigo e um melhor amigo. Alguém que se importe, que dê atenção e que saiba dividir as coisas boas e as ruins.

Estas, entre outras, são as pérolas do novo filme de Adam Elliot, “Mary and Max”.

Feito com massas de modelar, este 1º longa-metragem de stop-motion de A. Elliot é um onde impera um olhar a respeito de - religião, comportamento, família, trabalho, amizade.

A. Elliot escolheu direcionar este olhar através de personagens esquisitos e que jamais foram ou serão os 'populares'. Afinal, o que é ser popular? Filmes como “American Pie” respondem bem. E quais os malefícios de não sê-lo – Como dito no filme de A. Elliot, há quem já nasce com características propícias para a popularidade – beleza, vigor, força, inteligência, destreza, habilidades. E há aqueles que aprendem durante a vida. Mas há um 3º grupo de pessoas que não tem a mesma sorte ou mesma chance.

"Mary and Max" dialoga com este universo.

Existe um mundo de possibilidades, formas de ser e pensar que fogem à regra do que é ser popular, ‘excelente’ e especial. E é possível ser feliz assim mesmo.

Talvez, seja essa a mensagem de Adam Elliot. Ao mesmo tempo que Mary e Max se escondem e temem um mundo hostil e desafiador, ambos investigam formas de viver e de como se divertir e ser feliz. Não é preciso ser Brad Pitt nem Angelina Jolie para conseguir um lugar no paraíso, ou melhor, na terra...

A. Elliot, dono de um Oscar de curta animado "Harvie Krumpet"(2003), opta por protagonistas caricatos e proporciona, através de um delicado, desolado panorama além de divertidos bonecos, um exercício filosófico sobre a vida e os outros.

“Some are Born great,

“Some achieve greatness,

“Some have greatness thrust apon them…

And then… there are others.”

A. Elliot


Fica a dica!

3 comentários:

  1. Mary and Max é um dos filmes mais sinceros que já vi na vida. Me indentifico com o estranhamento que Max sente em relação ao mundo,pois também sou um marginal.Como diz o meu alterego em animação: Os seres humanos devem até ser legais, eu é que nao consigo entendê-los.

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  2. Há pessoas desagradáveis apesar das suas qualidades e outras encantadoras apesar dos seus defeitos.[M.A]

    Deixe que cada um exercite a arte que conhece.[A.]

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  3. Quero gente com qualidades desagradáveis e defeitos encantadores.

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