quarta-feira, 5 de maio de 2010

"O Livro de Eli", 2010, Irmãos Hughes


Um andarilho, o fim dos tempos, Denzel Washington, uma direção promissora e uma fotografia bem diferente.

Parece interessante, não? Sim. Mas só parece, infelizmente.

Remetendo à “Mad Max”, o filme dos irmãos Hughes, traz como discussão algo que foge da moda atual - ao contrário dos filmes que procuram dizimar o planeta, este já se encontra tenebroso, arrasado e cinza - já houve a destruição e sobraram apenas alguns para contar a história, mais uma vez, como no filme de Mel Gibson, sobreviventes que voltaram à um comportamento bárbaro e que se destacam pelos atos violentos, marginais e até canibais. Desta forma, em "O Livro de Eli" a discussão principal é: Como reconstruir o planeta?

Assim,
Denzel Washington é ELI, um homem que recebeu a incumbência de uma voz do além de andar rumo Oeste, com a missão de levar a última bíblia e entregá-la onde ela for ‘requisitada’ e ‘necessitada’. Em seu caminho, Eli, se depara com motoqueiros arruaceiros, bárbaros, selvagens canibais e todo tipo de gente que sobra de uma destruição em massa da terra.
Logicamente, Eli é um exímio lutador e apenas com um facão e muita agilidade consegue dar porrada e derrubar literalmente todos que passam por seu caminho e que resolveram assaltá-lo, comê-lo e assim por diante. Algo muito excitante de se ver, porém, 'Ramboniano' demais. Eis que em seu caminho aparece Carnegie (Gary Oldman – ótimo como sempre) uma espécie de líder de uma incipiente cidadela que se forma em meio ao caos, logicamente também, liderado por ele através de força, ameaças e afins. E o que Carnegie busca? Advinhem? Sim, a bíblia – ele tem uma equipe formada por boçais musculosos que manda à procura da Bíblia e de outros livros. Para Carnegie, encontrar a bíblia é deter a ‘força’ que falta para conseguir liderar este povo, que com a palavra sagrada ele conseguirá ‘controlar, ‘dar esperança’ e ‘dar sentido’ a uma ‘nova era’.
Trava-se então um duelo entre o bem e o mal... e blá, blá, blá.... E como coloca Carnegie, "Este livro servirá para amparar a fraqueza e o desespero das pessoas!"

E respondendo a pergunta acima - Através da bíblia é possível a reconstrução... - Enfim, sem comentários.

Em meio a isso tudo, Eli, ainda por cima, é capaz de desviar de balas como 'Neo' em "Matrix", mas sem, olha que coisa - sem precisar daquela famosa desenvoltura... Pasmem!

O roteiro mostra-se no início espetacular.
A direção é impecável e com uma fotografia bem interessante – um cinza esfumaçado, sóbrio, com ausência de luz do sol intensa – ou seja, diferente. Denzel convence no papel que deveria ser de um Bruce Willis ou Van Damme e Gary Oldman é habilidosísimo – um belo ator que consegue até neste filme sobressair. Todos esses elementos se somaram e deixaram todos na sala do Cinemark de Botafogo atentos para o final – um deveras clichê, infelizmente.

Sabe quando se sai do cinema pensando – “Eles poderiam ter feito de outra maneira...”

Fica nítido que Denzel Washington, produtor do filme, tem uma tremenda fé em Deus. Ok. Mas daí abençoar um personagem com a divindade é de-mais.

Existem porém duas cenas que 'salvam' a ida ao cinema:

1. Cena hilária onde 2 velhinhos ligam um velho toca-discos e servem chá para Eli - O som? "Ring my bell"... muito espirituoso....!

2. Um plano onde a camera vai se aproximando lentamente do rosto de Eli e termina quase dentro de seu olho. Muito bonito - aliás, onde deveria terminar o filme...

Por fim, e não menos importante, deixo registrado aqui mais dois absurdos IRRITANTES que AINDA surgiram -

1. Comerciais ABSURDAMENTE visivéis da MOTOROLA e da OAKLEY - os óculos e mochilas do filme eram todos da Oakley.

2. O final do filme é estarrecedor - Com direito a pose de herói, slow motion, música emocionante de trilha, o colocar de óculos escuros e aquela sensação de dever cumprido entre pupilo e seu mestre - que nada tem a ver com o filme.


Depois de tudo isso,


A dica não fica, é claro.

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