terça-feira, 9 de outubro de 2012
"Os Intocáveis", 2012, de Olivier Nakache
quinta-feira, 20 de setembro de 2012
"Tropicália" de Marcelo Machado
O Tropicalismo foi acima de tudo uma grande experimentação. Em meio ao caos cultural que se instalava no final de década de 60, Caetano, Gil, Tom Zé e Rita Lee dedicavam-se a honrar o movimento antropofágico, promovendo (ou regurgitando), então, musica internacional de qualidade, apropriando-se do que era popular e erudito, gerando, no mínimo, inovações estéticas bastante aprazíveis e inspiradoras.
terça-feira, 20 de setembro de 2011
"Melancholia", 2011, Lars Von Trier
Há um ‘Grande Plano’ para a vida na Terra?
É o dia do casamento de Justine (Kirsten Dunst). Ela está noiva de um rapaz muito charmoso e devoto, tem uma carreira promissora e, aparentemente, uma bela família. Sua irmã, Claire (Charlotte Gainsbourg) junto a seu marido, John (Kiefer Sutherland) prepararam-lhe uma festa de arromba para comemorar as bodas tão esperadas.
Porém, há algo de estranho no ar.
Justine encontra-se completamente perturbada e angustiada. Entre uma dança e um brinde, Justine sente a necessidade de se retirar, de sentir o ar fresco e de refletir sob a luz das estrelas...
Justine está diante de uma decisão que marcará sua vida até o fim. Escolheu, portanto, o momento perfeito para uma intensa sessão de contemplação e desespero.
Claire, por outro lado, é uma mulher serena e tranquila. Casou-se com um homem brilhante que lhe deu um filho maravilhoso.
Ainda assim, algo também a desconcerta tremendamente.
Justine passa a querer 'entender' tal catástrofe.
Claire quer somente correr dela.
Melancholia dialoga com a percepção do homem.
A visão sobre si, sobre os outros e o mundo.
E, talvez, o futuro.
O Político?
No Brasil, o preço da banana ultrapassa o valor praticado em Nova York..
É, de fato, o fim dos tempos.
O que estamos fazendo com nossas vidas......?
As protagonistas, então, exibem duas formas de existir: para-si, e para-os-outros.
Justine & Claire tem algo em comum – Ambas teriam plena capacidade de usufruir de uma vida farta, empreendedora e feliz. Porém, enquanto Claire permanece alienada - fechada numa espécie de microcosmo, isolada do mundo, de costas para todos, numa vidinha à três, tacanha e quase primitiva, Justine resolve eclodir para o mundo, resolve conceber o Grande Plano, o sentido de sua vida, e assim sendo, o sentido da vida na terra.
Uma, luta desesperadamente para salvar seu filho; aquele que dará, supostamente, continuidade a uma espécie.
A outra questiona a própria continuidade em si.
Questiona o impacto dos outros sobre si e vice-versa.
O olhar dicotômico de Lars Von Trier: Estamos todos deprimidos? Deveríamos estar? Ou este quadro maníaco que se encontram todos, inclusive Claire, é a solução..?
A salvação...?
O deprimido não vê sentido em nada.
Melancholia é quase uma ópera - De fato, o planeta caminha para um lugar obscuro.
Cada plano, cada atriz e cada momento são repletos de pensamentos, dúvidas, medos e arrependimentos. O ser humano em "pure flesh n bone".
Uma câmera próxima.
Um drama psicológico intenso e invasivo.
E um texto brilhante e mais que pontual. Em cada frase uma pancada...
Fica dica.
Nota bene - Os primeiros 35 minutos do filme são inteiramente descartáveis.
terça-feira, 13 de setembro de 2011
"A Origem do Planeta dos Macacos", 2011, Rupert Wyatt
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Não existe nada mais precioso que o tempo.
É ele o responsevel em glorificar personalidades, estabelecer espiritos de uma época e, claro, eternizar grandes filmes.
O filme original conta a história de uma tripulacão de astronautas que caem num planeta estranho e peculiar num futuro bem distante. Lá encontram uma sociedade onde macacos são inteligentes, desenvolveram uma linguagem e os seres humanos ali encontrados são tratados como bestas de um zoológico.
Dada sua preciosidade, em 2001, O Planeta dos Macacos foi registrado na Livraria do Congresso Americano, no National Film Registry como um filme culturalmente, historicamente e estéticamente significativo para a história dos EUA. Um filme com 89% de aprovação entre seus espectadores e listado como um dos 500 filmes mais importantes da história do cinema.
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Afinal, quais outros filmes de sci-fi espantaram seus espectadores de forma tão cativante?
E por isso, em 2011, experimentaram realizar o prólogo desta esplendida história.
Quem não tem o sonho de fazer algo grandioso?
E o resultado? Medíocre, infelizmente.
Ao contrario, se vê uma sucessão de furos e situações duras de engolir. Durante a sessão é possível enxergar, no rosto dos espectadores, uma expressão de incredulidade diante de tal festival de absurdos…
Exemplo -
Quando que num laboratório de altíssimo padrão, uma macaca tratada com um tonificante neural, que nitidamente acentua sua agressividade, pode ser realocada para uma outra jaula apenas por dois homens – sendo um deles um gordinho bunda-mole e o outro um anão…
A dica não fica.
-> Trecho de uma entrevista com Andy Sarkis segue abaixo -
The great thing about the original film is that it was an upside down world where the humans were slaves and the apes were their overloads. You play the character that’s going to usher that world in, so how do you sort of keep the sympathy of the character whose destiny is subjugate every single person sitting in this tent?
AS: That’s a really good question and I think the thing is we’re playing him…you do see his journey from being, how he responds to brutalization and witnessing brutalization and bullying and all these shocking things because he’s brought up as an innocent. He’s quite innocent and you see his journey from innocence into moments of realizing that actually it can be a cruel world out there. And he has been brought up because Will, James Franco’s character and John Lithgow’s character, they’re incredibly humanitarian. He’s been brought up in a loved family. In a way you’ve got to forget that he’s a chimp, you treat him as a child whose been brought up in a loving environment then suddenly being subjected to brutalization and seeing, when they go to the Ape Sanctuary, it could be any institution which has bullying and mistreatment and some kind of person who is dominating and subjugating other people. So you will feel sympathy because you will see how this young mind is witnessing brutalization I guess.
sábado, 10 de setembro de 2011
"Amor à toda prova", 2011, John Requa & Glenn Ficarra
Cal (Steve Carrell) é um típico quarentão acomodado. Casou-se com sua 1a namorada e passou os últimos 25 anos enclausurado dentro de casa e sem grandes ambições. Não tem, portanto, a menor idéia de como seria uma vida mais divertida. Emily (Julianne Moore), não só acredita que sua vida está chata, parada e sem emoção como vê Cal como um senhor bunda-mole.
Emily decide, então, pedir o divórcio.
Cal, deprimido e rancoroso, passa a alcoolizar-se todos os dias num agitado bar da cidade. Eis que, coincidentemente, frequenta este mesmo lugar um formoso rapaz, Jacob (Ryan Gosling) a própria antítese de Cal. Jacob é, como os americanos gostam de dizer, um “Womanizer” – um homem que somente procura breves e várias relações sexuais e que tem ojeriza a relacionamentos. No brasil, o velho e bom “galinha”.
Numa agradável noite, Jacob, percebe entre um flerte e outro, a presença quase mórbida de Cal, e o chama para bater um papo. Por mais surreal e inusitado que pareça, não só Cal lhe dá ouvidos, como Jacob o convence de contratá-lo como seu “personal sexual-stylist”. Jacob promete, então, uma virada inesquecível na vida de Cal – irá transformá-lo num homem ativo, interessante, charmoso e conquistador. Garante que, após esta mudança, sua mulher irá correr para os seus braços novamente.
Contudo, erotizar todas as moças da cidade, inclusive a professora de literatura de Robbie, dia e noite, até ganhar confiança e sua hombridade de volta, não é exatamente o que Cal estava esperando acontecer nesta altura de sua vida...
Em primeiro lugar pela comicidade. Não há no texto uma piada fora do lugar, um momento desagradável ou constrangedor. Pelo contrário, o drama vivido por Cal, torna-se cada vez mais crível e envolvente onde o humor vem apenas para pontuar algum absurdo ou outro que a vida nos prega.
Aliás, o aspecto quase burlesco ou de "farsa" que o deixa realmente inteligente. Rir de temas dramáticos, coisas do cotidiano, situacóes e temas convencionais, e enfim, este olhar critico sobre o comportamento atual, é o que deixa a comédia verdadeiramente rica.
O filme dirigido por John Requa & Glenn Ficarra tem como mérito principal não dar lição de moral, nem induzir sentimentos ou frases alienadas daquelas a que estamos acostumados.
Ao contrário, conduz um simpático libelo a favor do que é realmente importante no que diz respeito a esse sentimento tão complicado.
Emily não sabe dizer a Cal o que a deixa realmente viva. Na verdade nem ela sabe. Afinal, o que ela tanto procura num homem....?
Cal, ao perceber a facilidade que é “conquistar” uma mulher e levá-la para cama, nota que deixou de conquistar, todos os dias, a mulher mais importante de sua vida. Em que momento acabam as conquistas...?
Jacob vive uma eterna negação. De tão acostumado aos fáceis prazeres da carne, acabou deixando de lado alguns outros prazeres mais saborosos. “Conhecer" - ter perfeito conhecimento de alguem, dos méritos ou caráter de uma outra pessoa, é algo que o rapaz nunca viveu, e portanto, que não tem a mais pálida idéia do que seja.
Jessica e Robbie são perfeitamente saudáveis – jovens e apaixonados – aprenderão com a rejeição que amar tem percalços a serem superados.
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Steve Carrell entregou a melhor performance de sua carreira. Não só arrasa como comediante como surpreende em outra seara - pontua o texto com primor e exibe ali qualidades de um ator dramático de primeira linha.
Julianne Moore, como visto em The kids are all right, acerta mais uma vez. Deu o apoio perfeito a Carrell, conferindo a Emily esse estado inseguro e indeciso. O equilibrio entre o drama e a comédia acontece em torno de Julianne Moore, uma atriz madura, atraente e iluminada. Afinal, um casal delicioso de se ver. E uma história fantástica para se torcer...
E Ryan Gosling: ator cada vez mais seguro e espontâneo, que exibe um Don Juan muito divertido.
Conseguir reunir atores primorosos, um texto inteligente e impagável é algo raro.
Atingir tanto êxito ao dialogar sobre algo tão batido e elementar quanto o amor, e de forma tão pura e usual, é algo extraordinário.
A responsabilidade está na mão de quem ama e quer ser amado. Tão simples e tão complicado...
Glenn Ficarra e John Requa acertaram em cheio. O amor é algo arrebatador e indescritível...
Um filme que oscila entretenimento e conteúdo com perfeição.
O sonho de qualquer cineasta. Um orgulho para o cinema americano.
FicaDica.
domingo, 4 de setembro de 2011
"Árvore da Vida", 2011, Terrence Malick
Este ano o filme vencedor do Festival de Cannes obteve um acolhimento sui generis. De um lado, ovações, gritos e uma plateia surpreendida por uma sucessão de imagens, figuras e metáforas impressionantes. Do outro, rostos pasmos com a ousadia de um diretor, que ao experimentar e transcender, criou um filme de complicada estrutura, e que não conquistou os mais conservadores. Sendo assim, uma falta de empatia latente ecoou naquela sala de projeção.
Terrence Malick, o autor da proeza, é conhecido por aparecer pouco na mídia, por fugir de eventos sociais e até em pedir para que sua imagem não seja usada em material promocional. Característica que torna portanto seus roteiros mais enigmáticos. Formado em filosofia, e mais precisamente, sob a “tutela” dos ensinamentos de Heidegger, é natural que se entenda o ponto fundamentalmente existencialista de seus filmes.
Em linhas breves, o movimento existencialista preconiza que a visão do homem e o sentido de sua vida, se dá a partir de suas próprias experiências e do subjetivo. Que o homem não foi criado para uma finalidade assim como os outros objetos, e que ele se faz em sua própria existência. A experiência, assim, precede a essência. Finalmente, que justamente esta falta de sentido e direção ‘correta’, que dá a liberdade ao homem, é o que causa ironicamente sua ansiedade, sofrimento e desespero, e que o guiará até a morte, de onde não há saída. Segundo Sartre, somos um eterno devir, de ideais e ações, e o Nada aparece como a grande sombra ou dívida da existência humana.
Malick sublinha, portanto, exatamente o que caracteriza o ser humano – a capacidade que temos de nos interrogar sobre o sentido da vida. E o que é O Grande Plano? Sua tese é tentar descobrir como o homem irá fazer para saltar de sua condição cotidiana para atingir um verdadeiro “eu”.
A Árvore da Vida será, portanto, a única crítica deste blog a não ganhar uma resenha.
Tentar compreender a vida, é senão a maior, uma das mais interessantes questões que nos diz respeito.
Fica a dica.
sexta-feira, 2 de setembro de 2011
"Capitão América", 2011, Joe Johnston
Estamos durante a Segunda Guerra Mundial, a Alemanha ostenta uma força avassaladora liderada pelo demente Caveira Vermelha (Johan Schmidt) e os Aliados se vêem à beira de um desastre iminente. Os EUA, abalados e inquietos, procuram uma estratégia, um trunfo, mas nada parece adiantar. Até que aparece um certo cientista com uma daquelas idéias malucas… Um homem que inventou uma pocão mágica que tornará qualquer homem, qualquer soldado, imbátivel. Porém, não basta força física em si, e sim, brio e distinção, por incrivel que pareça…
O resto é sabido:
Rapaz toma o soro, a fórmula se perde, ele passa a ser o único super soldado do exército e a Guerra parece ter um fim terrível. Porém, somente até que Capitão América se lança com seu escudo feito de vibranium em busca do sanguinário Caveira Vermelha.
Capitão América assim como o Super-Homem foram criados com um propósito: Inebriar as mentes de jovens com idéias sobre o bem e o mal, justiça, coragem e um espírito nacionalista. Desta forma, tanto o franzino Rogers como o E.T mais famoso do mundo, tem hoje, como “complicômetro”, a dificuldade de terem suas histórias adaptadas às telas dos cinemas sem parecerem moralistas demais, repetitivas, óbvias, chatas e nada criativas.
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O problema, talvez, seja a tal da expectativa -
Existe um teoria que diz o seguinte – uma pessoa só aplica esforço se há uma chance de alcançar um determinado objetivo. Alcançar uma boa performance pode fazer com que aconteça determinado resultado. A performance deve ser alcançável pelo sujeito em questão. Objetivos inalcançáveis são desmotivadores. De acordo com a teoria da expectativa, a quantidade de esforço que uma pessoa exerce em uma tarefa específica depende da expectativa que ela tem de seu resultado.
Isso seria suficiente para “explicar” a origem do Capitão América.
Steve Rogers “deu certo” mesmo sendo aparentemente a própria antítese de um herói -deu certo por que simplesmente vislumbrou tal possibilidade e "fez por merecer" o título de herói nacional. Ou seja, quase um quadro esquizofrênico.
Pena que essa teoria não funciona para nós, reles mortais.
Afinal, a expectativa seria a de que este filme, que antecede Os Vingadores, iria emplacar seu maior herói com louvor e glória...
A dica? A dica fez a curva em Albuquerque e foi para a Alemanha ressucitar o Caveira Vermelha.